Política | 31/05/2012 11h08min
Como antecipado pela defesa, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) se negou a depor na CPI que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. O senador disse estar exercendo seu direito constitucional de permanecer em silêncio.
Ele alegou que já prestou depoimento ao Conselho de Ética na terça-feira, sobre fatos apurados pela comissão parlamentar.
— Anteontem prestei depoimento por mais de cinco horas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado cuja pertinência temática é a mesma desta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito — justificou o senador.
Requerimento pedindo a dispensa do senador foi protocolado nesta quarta-feira pelos advogados do parlamentar, mas negado pelo presidente da comissão. No mesmo dia, a CPI quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico do senador goiano desde janeiro de 2002.
Senador Vital do Rêgo não fez questionamentos ao depoente. Outros membros da CPI, ao contrário da cena protagonizada quando o contraventor Carlinhos Cachoeira esteve na comissão, resolveram não fazer indagações a Demóstenes.
O deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) ficou irritado com a postura do senador:
— Não é o senhor que não tem nada a dizer, sou eu quem não tem nada a perguntar. Peço licença ao senhor presidente para me retirar da sessão.
O mais incisivo, deputado Silvio Costa (PTB-PE) classificou de “hipocrisia” o silêncio de Demóstenes e disse que ele terá seu mandato de senador cassado.
— O seu silêncio é a mais perfeita tradução da sua culpa. Seu silêncio escreve em letras garrafais: eu Demóstenes Torres sou sim membro da quadrilha de Cachoeira. Eu, Demóstenes Torres, sou sim o braço legislativo da quadrilha de Cachoeira – criticou.
O relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), também recriminou a decisão do senador de falar exclusivamente ao Conselho de Ética e disse que o silêncio é um indício de culpa.
— O silêncio de vossa excelência não é o silêncio dos inocentes — assinalou Odair.
Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) defendeu o direito constitucional e afirmou que a CPI não pode dispensar tratamento diferenciado a Demóstenes por se tratar de um senador.
— Pessoas morreram no mundo em razão do direito constitucional de permanecer em silêncio — defendeu.
Por volta das 11h, o presidente da comissão encerrou a sessão.
AGÊNCIA SENADO
Senador chega acompanhado por seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro (à esq.)
Foto:
Geraldo Magela
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Agência Senado,divulgação
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