O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello afirmou nesta segunda-feira que o julgamento do mensalão sairá no segundo semestre. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o ministro disse que as eleições não podem ser um impedimento ao trabalho do tribunal.

— Nós não podemos implementar ou deixar de implementar um julgamento pela ocorrência das eleições. Essa visão seria política e ela não prevalece em se tratando de atuação do Supremo Tribunal Federal — afirmou.

Marco Aurélio acredita que a conclusão do julgamento deve ocorrer até outubro. O ministro ainda disse que não está com o voto pronto, pois prefere ouvir os relatos do julgamento antes de definir sua posição:

_ Costumo votar de improviso. Costumo ouvir, não levar o voto pronto. Mas estou arregimentando elementos. Ainda é muito cedo para termos um convencimento sobre a matéria.

Sobre o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilmar Mendes, Marco Aurélio questiona o fato de a notícia vir a público somente um mês depois:

— Não sei porque essa conversa com Lula veio à tona  cerca de 30 dias apos a ocorrência. É um dado a ser esclarecido.

Para o ministro, um presidente fazer ponderações sobre um julgamento em análise na suprema corte é normal. No entanto, o anormal seria a pressão.

— O fato de um presidente ponderar que não é conveniente ter o julgamento no semestre das eleições é algo normal, ele poderia ponderar. Mas, a partir do momento em que tenta interceder para levar os ministros a estes convencimentos, e aludindo, se é que procede, a uma blindagem na CPI de um integrante do Supremo, aí temos algo mais sério, que precisa ser esclarecido. Não podemos imaginar que o Supremo seja passível de pressão. Temos todos que estar atentos a esses movimentos que não combinam com a atuação do Judiciário — afirmou.