Geral | 27/10/2011 09h16min
Em alguns dias, ao acordar, Adilson Farias acha que não vai conseguir levantar da cama. As fortes dores de cabeça (em decorrência de um problema grave na coluna) provocam náuseas intensas e muita tontura. Começar o dia assim não é raro para ele, que está afastado do trabalho há dois anos.
Essa é a herança que ficou dos mais de 30 anos que trabalhou para conseguir uma casa própria e as economias que hoje pagam o seu tratamento em uma clínica particular de fisioterapia.
Desde março, Adilson está sem receber o benefício do INSS. Apesar das queixas de fortes dores nas costas, formigamento nas pernas e nos dedos e dores de cabeça intensas, o último laudo médico o julgou apto para o trabalho.
Sem pique para retornar
— Comecei a trabalhar na construção civil, fazendo muita força. Depois, como vendedor de loja, carregando caixas. Em meu último emprego, dirigia de 10 a 12 horas diárias. Hoje vivo as consequências disso — diz Adilson.
Aos 44 anos, está fora do mercado de trabalho e sem perspectivas de retornar, pois qualquer esforço físico faz com que ele se sinta mal.
Problema cresce
Adilson faz parte dos 36% de brasileiros que sofrem com dores na coluna vertebral, fato constatado por uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública em 2008.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os problemas na coluna já são a segunda maior causa de afastamento do trabalho e o terceiro maior motivo de aposentadoria por invalidez. Atualmente, representam 13% das consultas médicas no país.
Em outros países, um quadro parecido: a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que 80% da população sofre ou sofrerá de, ao menos, um episódio de dor nas costas na vida.
Má postura é uma das principais causas
O fisioterapeuta Leonardo Stahelin Eicke, da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna (ABRC), diz que as principais causas destas dores são a má postura, o sedentarismo e o excesso de peso.
— A má postura na prática de atividades simples, como usar o computador é, na maioria das vezes, a causa — explica ele.
A correria também:
— Quem se alonga na hora que levanta da cama? As pessoas acordam pulando.
Muito peso nas costas
O uso de bolsas e mochilas com peso em excesso é outro fator que provoca dores nas costas, principalmente em jovens e mulheres. Para o fisioterapeuta Leonardo Eicke, o problema ocorre porque as pessoas carregam sempre mais do que o necessário, o que sobrecarrega a coluna.
O ideal é que a mochila não pese mais do que 10% do próprio peso. Para as mulheres, a dica é variar o ombro que carrega a bolsa, evitando uma escoliose.
Como prevenir
::: Cuidar para não adotar posturas prejudiciais à coluna na realização das atividades domésticas e no trabalho.
::: Praticar atividades físicas regulares, no mínimo três vezes por semana, com duração média de uma hora, sempre com o acompanhamento de um professor de educação física, fisioterapeuta ou outro profissional da área da saúde.
::: Fortalecer o abdômen por meio de exercícios específicos para essa musculatura.
::: Fazer alongamentos diários, sempre que possível.
Os principais problemas
::: Hiperlordose: é o aumento da curvatura na parte inferior da coluna, provoca o "bumbum empinado".
::: Escoliose: é o desvio da região cervical, na parte de cima da coluna, para o lado direito ou para o lado esquerdo, comum em pessoas que levam bolsas e mochilas sempre no mesmo ombro.
::: Hipercifose: conhecida como corcunda, é o aumento da curvatura da região cervical da coluna.
::: Hérnia de disco: ocorre quando os discos que separam as vértebras da coluna se rompem em função do desgaste contínuo, o que provoca fortes dores no nervo ciático. Todos os problemas mencionados acima podem causar uma hérnia de disco.
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