Fora dos gramados por quase 80 dias, Zé Roberto sabe que se ressente de ritmo de jogo para domingo, quando o Inter enfrentará o Vasco no Beira-Rio. Usa a confiança como receita para aplacar a longa parada. Afastado em decorrência da cirurgia de hérnia inguinal, gostaria de entrar aos poucos, algo impossível pelo fato de o Brasileirão estar "a mil por hora". Então, é o momento de deixar esta preocupação de lado e acreditar em sua qualidade e no que pode contribuir ao grupo, ao espaço que julga não ter perdido pelo afastamento.

— Não acho que perdi meu lugar. Se voltar a trabalhar bem, terei espaço no time. Mas é difícil. Preciso de um tempo que eu não vou ter. Vou voltar com o campeonato a mil por hora. Preciso me readaptar, mas isso vai levar um tempinho — afirmou em entrevista ao clicEsportes.

O goiano de Itumbiara está fora desde o dia 21 de julho, partida em que o Inter derrotou o Avaí por 3 a 1, ainda no primeiro turno da competição. Zé Roberto vivia um excelente momento. Foi, inclusive, um dos protagonistas do título do Gauchão. Mas teve de ser submetido ao procedimento cirúrgico. De lá para cá, o clube contratou Dorival Júnior para ser o substituto de Paulo Roberto Falcão.

A rotina na parada

A parada, porém, era necessária. Zé Roberto precisou fazer a cirurgia por "não aguentar mais de dor". O tempo longe dos gramados foi complicado. A voz baixa e pausada ganha tom de lamentação ao comentar sobre a rotina do período. Sem poder atuar, passou esse período fazendo tratamento em dois turnos. Sozinho em Porto Alegre, viajava de 15 em 15 dias para Salvador, para ver a família:

— Foi ruim para caramba. Não tinha muito que fazer. Minha família ficou na Bahia. Para matar a saudade, ia para lá um final de semana sim, um não. Tinha que aliviar a rotina.

Vontade de ajudar os companheiros

O meia-atacante se considera "quase pronto". Já foi reintegrado ao grupo. Desde a última semana, inclusive, participa de treinamentos com bola. Dorival garantiu que o utilizará contra o Vasco no final de semana. Para o treinador, o momento no Brasileirão não permite mais erros.

A volta de Zé Roberto servirá para terminar com o isolamento dos atacantes. Apesar de ter o terceiro melhor ataque da competição (empatado com o Vasco), com 43 gols, só atrás do Coritiba e Flamengo com 44, o time não encontrou o companheiro para Leandro Damião, que, com a lesão, passou a camisa 9 a Jô. Foram testados Dellatorre, Ricardo Goulart, Gilberto, Alex. Oscar, inclusive, foi adiantado para não deixar o centroavante tão sozinho:

— Estou louco para correr e ajudar o Inter. Espero não decepcionar.

Parceria com Damião

A sintonia com Damião ocorreu ao natural, recorda. Os dois, no decorrer dos treinamentos e mesmo em conversas fora do trabalho, foram buscando aprimorar o posicionamento:

— A gente criou afinidade. Fomos nos conhecendo.

Quando Dorival chamá-lo, seu companheiro será Jô. O jogador acredita que não terá problemas de entrosamento com o centroavante. Para Zé Roberto, as características do ex-jogador do Manchester City, que prefere atuar dentro da área, são similares às de Damião.

Trabalho de Dorival

O novo técnico, aliás, mereceu elogios do jogador. O meia-atacante, campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009 com Andrade como comandante, já trabalhou com nomes como Joel Santana, Renê Simões, Cuca, Felipão, Celso Roth e Paulo Roberto Falcão. Com o maior ídolo da história colorada, teve o seu melhor momento no Inter. Apesar do curto tempo de trabalho e de ter realizado poucos treinamentos com Dorival, exaltou a preocupação do profissional que se consagrou no Santos em 2010 com a disposição dos atletas em campo:

— É muito detalhista. Ele gosta de trabalhar taticamente.

Confiança no título

Atual sétimo colocado no Brasileirão com 40 pontos, o Inter está dez pontos atrás do líder Vasco, o que poderá diminuir para sete caso os gaúchos derrotem o time comandado interinamente por Cristovão Borges. A distância para a primeira colocação ainda não é suficiente para o jogador abandonar o sonho de ganhar o seu bicampeonato na competição:

— Tem oito times brigando pelo título. Está muito aberto. Se vencermos três partidas, embola tudo.