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Esportes  | 10/09/2011 19h49min

Desligado, frio e de Seleção: Mário Fernandes vive o seu melhor momento no Grêmio

Lateral fala sobre a sua personalidade e a grande fase que vive no Olímpico

Luiz Zini Pires  |  luiz.zini@zerohora.com.br

Ligado, emocionado e por telefone, o empresário Jorge Machado, amigo, consultor e praticamente pai adotivo de Mário Fernandes, deu a notícia:

— Alô, Mário?

— É.

— Você foi convocado, cara. Você está na Seleção.

Curto silêncio do outro lado.

— Ah é. Legal!

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Ao lado do filho, a mãe, Marisa, 54 anos, emocionou-se.

— Marinho, Marinho... – chamou carinhosamente o filho pelo apelido, ganhou um abraço e chorou, perto da atenta filha, Débora, 31 anos.

Mário é um cara frio.

— Tanto faz ser Gre-Nal ou um jogo em Bagé, minha terra, ele sente o jogo da mesma maneira, não se abala – afirma o assessor de imprensa do Grêmio, Vitor Rodriguez.

Mário é desligado:

— Tem um carro (Vectra). Mas não tem carteira de habilitação. Quando sai, chama o Saimon (zagueiro). Caso contrário, pega um táxi — ri Machado.

Mário é atrapalhado.

— Já perdi a conta dos celulares que ele deixou por aí. Sabe, ele não gosta nem de atender. Eu mesmo ligo 200 vezes — admite o empresário.

Mário é um jogador caro.

— Não adianta chegar com menos de 15 milhões de euros. Os gringos só vão gastar dinheiro com passagem de avião — informa Paulo Pelaipe, o executivo do futebol do clube.

Mário é um lateral à moda antiga, raro no futebol moderno, mas perfeito para jogar pelo lado direito na linha de quatro zagueiros dos europeus:

— Ele marca e passa bem, tem velocidade e é grande, o que é sempre um problema para o adversário. No Brasil, os laterais são baixos e ele é uma exceção — atesta o técnico Celso Roth.

Mário já é quase um gaúcho:

— Antes ele fugia – ri Machado. — Agora, ele não sai daqui nem nas férias. No verão, ele aluga uma casa em Atlântida e chama a família e os amigos de São Caetano do Sul.

É aqui que começa a curiosa história do paulista Mário em Porto Alegre. Os fatos conhecidos: a chegada em 2009, a fuga para São Paulo, o apelido de Mário Doril, a fama de depressivo, os atrasos em alguns treinos, a reserva, a lateral e a zaga, as lesões e meia dúzia de técnicos.

— Depressivo? Ele? Nada. Pode ser tímido, antes foi um garoto carente, mas doente ele não é – diz Machado.

— Depressivo? Eu? Eu não.

Mário Fernandes está sentado numa cadeira embaixo das sociais do Olímpico. A Seleção oferece o triplo de atenção. Hoje, ele brinca com o apelido Mário Fujão. Dá risada.

Mário é um garoto bem-humorado.

— Quer saber? — ele diz.

– Quero – eu atiço.

— Em 2009, quando cheguei a Porto Alegre me falaram que eu só viria fazer exames médicos. Nem falei para a minha família. Cheguei com a roupa do corpo. Desembarquei do avião e, quando vi, estava no Olímpico. Não sabia de nada, não conhecia ninguém. Precisei assinar um contrato na hora, sem escolha. Queriam que eu ficasse. Tudo estava muito confuso.

Mário fugiu em 13 de março da concentração. Foi localizado no dia 17 em Jundiaí. Pensou em largar tudo em abril. Voltou em maio. Em junho, Paulo Autuori olhou o jogador, então um júnior com bola de titular. O colocou como lateral num Gre-Nal (onde foi o melhor e, desde então, jamais saiu do imaginário dos gremistas). Depois, Silas o chamou e disse que, na lateral, chegaria à Seleção. Acreditou.

Renato não lhe deu grande atenção, Julinho Camargo ajudou na sua retomada, Roth, que tinha avaliado a contratação de Mário lá atrás, o fixou como titular da lateral direita, e Mano Menezes o convocou:

— Vou dar a minha primeira camisa amarela ao Jorge Machado. Se não fosse ele, eu não seria o que sou hoje.

Mário Fernandes é de Seleção.

 
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