Abel Braga gosta de guardar um coelho na cartola. Quem acompanha o dia a dia do Fluminense, próximo adversário do Inter pelo Brasileirão, às 21h desta quinta-feira, percebe que o treinador nunca revela tudo o que poderia. Nas entrevistas, muitas vezes, é reticente. Em campo, é fã de treinos fechados e lamenta o fato de não ter tal privacidade nas Laranjeiras. Quem o conhece desde os tempos de Beira-Rio garante: Abelão tem fixação por transformar a escalação de seus times em mistério para os rivais.

Terça-feira, ele conseguiu manter por mais um dia o segredo sobre a equipe que enfrentará o Inter no Engenhão. E se não pode fazer treinos secretos, prefere até não comandar trabalhos táticos para não dar dicas aos gaúchos.

Em Porto Alegre, Abel Braga já mandou jogador sair escondido do Beira-Rio. O lateral-direito Ceará, atualmente no Paris Saint-Germain, da França, trabalhou com o treinador no Colorado entre 2005 e 2007, e lembra com bom humor de uma situação inusitada que viveu às vésperas de um clássico contra o Grêmio.

— O Abel não queria revelar o time e me pediu para deixar o Beira-Rio pelos fundos após o treino. Até fiz refeições escondido e usei o elevador de serviço para despistar a imprensa. Mas não teve jeito, teve um que ficou escondido e me viu — recordou.

Há quem diga que mistério não ganha jogo, mas o retrospecto recente de Abel mostra o contrário. Contra o Palmeiras, o treinador manteve em suspense as presenças de Deco, Ciro e Rafael Sobis até quando pôde. Resultado: 1 a 0 sobre os paulistas.

Na sequência, repetiu a escalação e foi derrotado pelo Atlético-MG. Já contra o Ceará, deu o entender de que Sobis não teria condições físicas de ser titular. O gaúcho começou jogando e fez gol na goleada de 4 a 0.

— No futebol, tudo é válido. Se pudermos esconder o time, isso será uma arma que vai nos ajudar — garante o volante Edinho.