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Esportes  | 09/07/2011 11h10min

Adaptado à China, zagueiro Paulão já dá até autógrafos em mandarim

Ex-jogador gremista fala sobre as diferenças entre o futebol brasileiro e chinês, e conta o seu dia a dia no oriente

Guilherme Becker  |  guilherme.becker@rbsonline.com.br

Paulão está bem na China. O zagueiro, que chegou ao Grêmio no final de agosto de 2010 indicado pelo então treinador Renato, permaneceu em Porto Alegre por apenas seis meses. No início de março, foi vendido ao Guangzhou por cerca de 1 milhão de euros. Se diz adaptado e conta que o clima semelhante facilitou a mudança de ares. Já arrisca até autógrafos em mandarim.

Sem a família, no início, ia a restaurantes que serviam churrasco e massas. Depois, com a chegada da esposa, disse que passou a comer melhor.

— Nada como um bom feijão vindo direto do Brasil — conta um bem-humorado Paulo Marcos de Jesus Ribeiro, o Paulão, 25 anos, que considera a oportunidade de jogar no exterior, ainda mais em um país com pouca tradição no futebol como a China, interessante.

Logo que chegou, ele conta que as maiores dificuldades ocorreram dentro de campo. Bastaram alguns jogos, no entanto, para o jogador se adaptar ao ritmo veloz, como ele descreve, do estilo chinês de jogar.

— É muito diferente. O ritmo é muito mais acelerado que o do futebol brasileiro. A troca de passes é intensa e tem pouca condução de bola. Os jogadores são mais rápidos e ficam pouco tempo com a bola. Às vezes, a sensação é de estar jogando showbol porque a bola não para um minuto — explica, destacando que os chineses normalmente treinam e formam seus times com duas linhas de quatro jogadores, bastante reforçadas, na parte defensiva, e dois atacantes.

— É o tradicional 4-4-2 — conclui.



Paulão conta que chineses costumam jogar no 4-4-2


A ambição dos chineses
Na terra do tênis de mesa, o basquete e o futebol também são muito praticados e admirados. Por isso, a nação que detém uma das economias que mais cresce no mundo — em torno de 10% ao ano na última década — e que foi a potência olímpica dos últimos jogos (51 medalhas de ouro em Pequim 2008, sem contar outras 32 e o segundo lugar geral em Atenas 2004), investe no esporte mais popular do planeta.

Segundo Paulão, o futebol acompanha de perto esse processo de crescimento econômico devido ao investimento na contratação de estrangeiros. Conca é o mais recente exemplo. Destaque do Fluminense campeão brasileiro de 2010, o argentino será colega de Paulão no Guangzhou.

— Há contratações de altos valores para um mercado que, aos poucos, está conquistando espaços no mundo da bola — observa o zagueiro.

A ambição chinesa é inserir-se nos objetivos dos maiores jogadores do mundo. Em virtude disso, atletas de ponta que se destacam estão na mira. Prova disso é o fato do ex-gremista dizer que costuma enfrentar diversos estrangeiros e uma boa quantidade de brasileiros em seus desafios pelo campeonato nacional.

Como em qualquer outro país, o futebol brasileiro é reconhecido. E os chineses, claro, estão sempre bem informados.

— Tem muita informação e aqui não é diferente. Eles conhecem tudo sobre os principais times e jogadores que fazem boa campanha no Brasil. Pude acompanhar todos os jogos do Grêmio na Libertadores, mas o futebol europeu ainda predomina. No momento, estamos ligados na Copa América, torcendo pela Seleção. Pelos canais locais, nossos familiares podem ver os jogos do campeonato daqui — conta Paulão.

Vida tranquila em família
Quando não está em casa, em família, Paulão está na rua. A turismo. Ele gosta de passear e conhecer a cidade que tem o mesmo nome do clube pelo qual joga: Guangzhou, localizada no sul da China.

— Não tive muita dificuldade na adaptação porque o clima é bem parecido com o do Brasil. Em relação à alimentação, também foi tranquilo. No início, cheguei sozinho, então ia a restaurantes que serviam churrasco e massas. Com a chegada da minha esposa, passei a comer bem melhor. Nada como um bom feijão vindo direto do Brasil — lembra.

Além do clima, outro fator que ajudou na adaptação foi o bairro onde Paulão reside. Lotado de estrangeiros, ele facilmente consegue encontrar produtos importados em supermercados. E gente do mundo inteiro. Com quase 10 milhões de habitantes, Guangzhou foi sede dos Jogos Asiáticos de 2010 e abriga a maior feira de importação e exportação do mundo, a Feira de Cantão, que acontece duas vezes por ano, desde 1957. Para se ter uma ideia, estima-se que em 2011 a feira teve mais de 200 mil visitantes de 40 países.

O idioma
Falado por quase 1,5 bilhão de pessoas, o idioma chinês tem no mandarim a sua vertente mais popular. São 60 mil símbolos que representam palavras ou fonemas, embora atualmente "apenas" 10 mil sejam de fato utilizados. Paulão já entende alguns desses sinais, o que facilita a comunicação em campo. No entanto, ele ressalta que devido à presença de outros brasileiros no time (Muriqui, ex-Atlético-MG; Cléo, ex-Partizan, da Sérvia; e Renato Cajá, ex-Botafogo e Grêmio), a troca de informações fica menos complicada.

— Já consigo entender algumas palavras. Vivi só uma situação difícil, quando um fã pediu para eu escrever o nome dele em chinês e eu ainda não sabia como fazer. Foi complicado, mas consegui e alegrei um grupo de torcedores. Já decorei como se escreve o meu nome. Isso é significativo para eles — destaca.

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