A torcida do Inter se acostumou a ver grandes jogadores fazerem história vestindo a camisa 9. Além de Fernandão, que comandou a equipe em grandes conquistas, o time contou recentemente com o talento de Alexandre Pato e Nilmar.

Depois da saída de Nilmar — que havia voltado justamente para suprir a ausência de Pato, negociado com o Milan —, o clube investiu em nomes fortes, mas que não deram certo, como Edu, Ilan e, mais recentemente, o argentino Fernando Cavenaghi. Alecsandro marcou muitos gols, mas nunca foi bem aceito nas arquibancadas.

O clicEsportes procurou quatro comentaristas do Grupo RBS para saber porque é tão difícil para um centroavante se dar bem no Inter. Quase todos lembraram os nomes de Pato e Nilmar, considerando que a torcida vermelha se acostumou a ver grandes nomes na posição e ficou mais exigente.

— Gostar do que é bom vicia — disse Maurício Saraiva, comentarista da RBS TV e apresentador da TVCOM.

A exceção é Wianey Carlet, colunista de Zero Hora e comentarista da Rádio Gaúcha, para quem todos os clubes brasileiros sofrem com a carência de bons centroavantes.

— É um produto raro e muito caro — afirma.

Confira o que dizem Nando Gross, Luiz Zini Pires, Wianey Carlet e Maurício Saraiva:

Nando Gross
O que acontece com os centroavantes no Beira-Rio?
O Inter vem de Sobis, Pato, Nilmar (duas vezes) e Damião. O Inter tem uma safra muito boa. O próprio Alecsandro foi muito bem, pelos números. Não acredito que exista algum problema.

O que um atacante precisa ter para cair nas graças do torcedor?
Como qualquer atacante, precisa fazer gols. Em jogos importantes, mais ainda. O Alecsandro fez dois gols contra o Corinthians na final da Copa do Brasil. Os atacantes fazem gols. O que falta no Inter é zagueiro.

Luiz Zini Pires
O que acontece com os centroavantes no Beira-Rio?
O Inter viveu até a Era Damião, que mal começou, a síndrome de Pato e Nilmar. Com o Pato, os colorados não sentiram tanto porque o Nilmar voltou logo em seguida.

Na saída do Nilmar, sim, houve o impacto. Sem os dois, a torcida viu o Alecsandro, um cara sem grife, que chegou para ser um jogador de grupo. Ele fez muitos gols, mas não tinha grife. Com o Damião, a torcida se acalma porque ele, talvez, possa ser da turma do Pato e do Nilmar.

O que um atacante precisa ter para cair nas graças do torcedor?
O Inter está tão mal acostumado com jogadores criados no próprio Inter. Isso mexe com o ego da torcida. E não é sempre que se cria centroavantes desse nível.

Wianey Carlet
O que acontece com os centroavantes no Beira-Rio?
Não é difícil achar um centroavante para o Inter. É difícil achar um centroavante que sirva para qualquer time. É um produto raro e muito caro. O futebol internacional leva os melhores atacantes, porque pode pagar mais. Restam os que não passam de apostas, dão certo ou não. O Damião está dando certo.

O que um atacante precisa ter para cair nas graças do torcedor?
Fazer gols. O torcedor não quer saber se o jogador é um virtuosi, se da chapéuzinho no goleiro e no zagueiro. Ele quer que bote a bola para dentro.

Maurício Saraiva
O que acontece com os centroavantes no Beira-Rio?
O padrão a que a torcida se acostumou é alto. O Inter teve recentemente Pato e Nilmar, e na década de 1970, nomes como Dario e Flávio. Gostar do que é bom vicia...

A partir da afirmação de Leandro Damião, ficou mais importante encontrar um segundo atacante que jogue em função do camisa nove. Zé Roberto é o nome da hora e tem dado boa resposta desde que passou a jogar sem as dores pubianas que antes o incomodavam. Gilberto e Ricardo Goulart são boas opções, Siloé e Jô ainda precisam provar que podem ser mais do que apostas.

O que um atacante precisa ter para cair nas graças do torcedor?
As três letras mágicas que monitoram a vida de um atacante: G O L. Se os avantes são artilheiros, a rede balançando tem o efeito de provocar amor à primeira vista entre torcedor e atacante.