Desconte o frio inferior a 10ºC que castigou a torcida e você terá uma noite perfeita no Beira-Rio. Com bom futebol jamais visto neste Brasileirão, o Inter goleou o Figueirense por 4 a 1 neste domingo e encerrou um jejum que durava mais de dois meses sem vitória em casa (não vencia desde 19 de abril, contra o Emelec). Depois de semanas tensas, permeadas de vaias e risco de demissão, Falcão finalmente encontrou a paz com o torcedor. Ouviu aplausos após os gols de Bolívar, Oscar, Leandro Damião e Ricardo Goulart.

Mais do que o retorno da confiança, o resultado se reflete na tabela: tira o Inter do 12º posto e o alça à nona colocação, com nove pontos. Depois de lavar a alma diante dos fãs, o Inter agora desafia o Atlético-MG fora de casa, na próxima quinta-feira.

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Acostumado a ser analisado com desconfiança pela torcida, Falcão acertou em cheio neste domingo. Minutos antes de a partida começar num gélido Beira-Rio, o técnico colorado previa dificuldades: "Nos preparamos para enfrentar um time de muita marcação", disse aos repórteres. Bastou o árbitro Marcelo de Lima Henrique trilar o apito para se entender a receita do sucesso do Figueirense, melhor defesa do Brasileirão, apenas dois gols sofridos. O time de Jorginho marca o campo inteiro, sem parar. Ygor e Coutinho, a dupla de volantes, não sossegavam enquanto não retomavam a bola. Abertos nas pontas, Oscar e D'Alessandro sofreram o assédio dos laterais Bruno e Juninho.

Os espaços começaram a surgir com a aproximação de D'Alessandro e Oscar. Assim, também ficaram mais perto de Damião. A primeira finalização da partida, aos 10 minutos, saiu de um passe do centroavante para Oscar isolar sobre a meta. Novamente acionado, Damião arrancou um escanteio. Na sequência, aos 17, do pé esquerdo de D'Alessandro surgiu o levantamento para Bolívar, livre, abrir o placar, de cabeça. A barreira catarinense, enfim, fora rompida. Abriu-se passagem para a reconciliação entre torcida e time. O Inter voltava a jogar bem.

Oscar pega de primeira: golaço
Foto: Diego Vara

Aturdida, a boa zaga do Figueirense ficaria completamente impotente com a próxima jogada de D'Alessandro. Cercada por alvinegros na meia-lua, o argentino aplicou uma cavadinha. A bola caiu sobre o peito de Oscar. De volta ao time depois de amargar o banco em Curitiba, o garoto sequer deixou a bola quicar e emendou um bonito chute, marcando pela terceira vez no Brasileirão e se isolando como artilheiro do time. Golaço, bom futebol e o mais importante: o prenúncio de uma vitória no Beira-Rio, após mais de dois meses de fracassos e frustrações na própria casa.

A partir dos 30 minutos, o Figueirense cresceu, adiantou suas linhas e arriscou mais. Mesmo assim, encontrou um paredão à frente de Muriel. Terminou o primeiro tempo sem finalizar e sempre correndo atrás de um Inter diferente, talvez o mais próximo daquele time considerado modelo por Falcão, com velocidade, compactação e leveza.

Falcão encontra a tranquilidade após goleada
Foto: Diego Vara

O segundo tempo começou com a insistência do Figueirense, que não passava da intermediária colorada. Bem protegidos, Juan e Bolívar pouco tocaram na bola. Com 2 a 0 a favor, o Inter apostou no equilíbrio: sustentar o resultado e, com parcimônia, ampliar. D'Alessandro tentou aos 4 minutos, mas Wilson agarrou.

Aos 13 minutos, no entanto, nenhum goleiro seria capaz de estragar a bela jogada coletiva do time de Falcão. Depois de trocas de passes, a bola se ofereceu a Zé Roberto. Com calma, deixou Damião na cara do gol. O centroavante não perdoou e anotou seu 23º gol na temporada. No final, Gilberto entrou no lugar do camisa 9 e ainda deixou Ricardo Goulart, outro egresso do banco, em frente a Wilson: 4 a 0. Wellington Nem ainda descontaria, no único chute a gol do Figueirense até então, aos 43 minutos.

A cada gol empilhado pelo Inter, Falcão se mostrava mais intenso na comemoração. Também pudera: foi a confirmação da vitória com bom futebol e do fim do jejum em casa. Mais do que isso: foi a reconciliação com a torcida, que cantou e empurrou o time como há muito não se via. Enfim, a confirmação da paz. Falcão volta a respirar no Beira-Rio.

Ficha técnica

Inter
Muriel, Nei, Bolívar, Juan e Kleber; Guiñazu, Tinga (Glaydson), D'Alessandro e Oscar; Zé Roberto (Ricardo Goulart) e Leandro Damião (Gilberto). Técnico: Falcão

Figueirense
Wilson, Bruno, João Paulo Goiano, Edson Silva e Juninho; Ygor, Coutinho (Jônatas), Maicon e Fernandes (Wellington Nem); Héber e Aloísio (Roger Carvalho). Técnico: Jorginho

Estádio: Beira-Rio, em Porto Alegre.
Data: 26/06/2011.
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (Fifa/RJ), auxiliado por Roberto Braatz (Fifa/PR) e Luiz Muniz de Oliveira (RJ).
Gols: Bolívar, aos 17, e Oscar, aos 20 minutos do primeiro tempo; Leandro Damião, aos 13, Ricardo Goulart, aos 35, e Wellington, aos 43 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: D'Alessandro, Guiñazu (Inter); Edson Silva, Jônatas (Figueirense).
Público total: 11.714.
Renda: R$ 128.930,00.

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