Finalista da Libertadores diante do Santos nesta quarta-feira, a partir das 21h50min, o Peñarol rumou na contramão da renovação do futebol uruguaio, que tantos frutos vem rendendo na última década. Em vez de apostar na base, buscou contratações cirúrgicas, mesclando juventude e experiência. Neymar terá pela frente os "cascudos" de Diego Aguirre.

A média de idade da equipe titular não é de todo alta, 25 anos. Mas apenas dois dos titulares saíram das categorias de base carbonera. São eles o goleiro Sosa e o zagueiro improvisado na lateral González. Será tarefa do jogador de 24 anos parar o camisa 11 santista no Centenário. Aos 36 anos, o defensor Dario Rodríguez é o mais experiente. Virou capitão, depois da saída de Pacheco do time titular.

Rodriguez, 36 anos, tem na experiência o seu trunfo
Foto: Miguel Rojo, AFP

Outros grandes, como Nacional e Defensor, priorizam os jovens talentos, assim como a seleção. Há uma década, o Uruguai chega regularmente aos mundiais sub-17 e sub-20. Em fevereiro, conquistou a vaga na Olimpíada de Londres, em 2012, após 84 anos de ausência. Os resultados respingam na seleção principal, que conseguiu igualar em 2010 a campanha da Copa de 1970, em que foi semifinalista. No país de Eduardo Galeano reside uma certeza: quando Lugano, Loco Abreu, Forlán e outros medalhões se retirarem, haverá reposição imediata. Coates, Lodeiro e Abel Hernández são as grandes esperanças.

— O caso do Peñarol é diferente. Não é uma equipe jovem. Seu mérito está em investir bem — argumenta o jornalista Luis Cabrera, do jornal uruguaio Ovación.

O presidente Juan Pedro Damiani resgatou o meia Urretaviscaya, campeão uruguaio com Aguirre em 2010 e que, em recuperação de lesão, começa a decisão no banco. Carlos Valdez, ex-Nacional e com passagem pela Itália, é o esteio da defesa. No ataque, o maior exemplo da mescla entre juventude e experiência. Martinuccio, 23 anos, saiu do pequeno Nueva Chicago, da Argentina, para virar ídolo no Uruguai. Já o centroavante Olivera, 29 anos, rodou o mundo. Estava na Arábia Saudita até ser contratado este ano.

Argentino Martinuccio é a esperança carbonera
Foto: Jefferson Botega

No esquema 4-4-1-1, Diego Aguirre espera seu adversário. Só depois se lança ao ataque. O meia Aguiar se destaca pelos lançamentos para o veloz Martinuccio. O jogo aéreo com Olivera e as bolas paradas prometem assombrar Edu Dracena e Durval.

Fora de campo, o Peñarol segue vibrando. Há dois anos, o clube passa por uma transformação no marketing. Foram montadas campanhas de sócios à exaustão, com a participação de personalidades do clube. Nesta segunda-feira, Diego Forlán recebeu a carteira de sócio vitalício e número 40 mil. E pensar que eram pouco mais de 6 mil contribuintes quando Damiani assumiu a presidência.

Aos poucos, o clube melhorou a saúde financeira. Nos dias seguintes à classificação para a decisão, após derrota para o Vélez, o clube ganhou mais mil sócios. O Peñarol é o recordista de bilheteria nesta Libertadores, arrecadou cifras aproximadas a US$ 1,8 milhão de dólares.

Peñarol na Libertadores

12 jogos
6 vitórias (quatro como mandante, e duas como visitante)
5 derrotas (quatro como visitante, e uma como mandante)
1 empate (como mandante, diante do Internacional)
14 gols marcados
                     17 gols sofridos

Como chega o Peixe

O Santos terá alguns desfalques importantes. Os dois laterais titulares, Léo pela esquerda e Jonathan pela direita, seguem com problemas no tornozelo esquerdo e na coxa direita, respectivamente, e sequer foram relacionados. Além da dupla, o zagueiro Edu Dracena, capitão do time, está suspenso por expulsão no jogo de volta contra o Cerro Porteño, pela semifinal.

Paulo Henrique Ganso, com uma lesão no músculo reto anterior da coxa direita, deve voltar apenas no jogo do Pacaembu no próximo dia 22.  Muricy Ramalho terá de adaptar o time para seguir no esquema que costuma a usar: o 4-4-2, com um losango no meio de campo.


PEÑAROL X SANTOS

Estádio: Centenário, Montevidéu (URU)
Data: 15/6/2011
Hora: 21h50min
Árbitro: Carlos Amarilla, auxiliado por Nicolás Yegros e Rodney Aquino (trio paraguaio)

PEÑAROL
Sebastián Sosa, Alejandro González, Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Nicolás Freitas, Luis Aguiar, Mathías Corujo e Matías Mier; Alejandro Martinuccio e Juan Manoel Oliveira. Técnico: Diego Aguirre

SANTOS
Rafael, Pará, Bruno Rodrigo, Durval e Alex Sandro; Adriano, Danilo, Arouca e Elano; Neymar e Zé Eduardo. Técnico: Muricy Ramalho

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