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 | 28/05/2011 13h10min

clicEsportes Entrevista: Roni, o meia do Tigre vive o seu sonho

Garoto que deixou o Mato Grosso aos 16 anos para fazer sucesso no futebol, curte o título de melhor jogador de SC

Renan Koerich  |  renan.koerich@rbsonline.com.br

As duas mãos seguram o poste para, em seguida, arriscar um rebolado desajeitado. O movimento inesperado de pole dance acontece no estádio Heriberto Hulse, em uma das traves. Roni ri e dança, evidenciando o bom momento que vive. O jovem de 20 anos é ídolo da torcida do Criciúma e ainda demonstra insegurança com o sucesso repentino. Em pouco mais de dois anos estreiou no profissional - 12 de julho de 2009, contra o Brasil de Pelotas, na Série C - e agora é o craque do Campeonato Catarinense 2011.

Roni vive o sonho que buscou quando deixou Cuiabá no Mato Grosso, aos 16 anos. Sozinho, mudou-se para o Sul de Santa Catarina. Depois de quatro anos, curte com os pais as conquistas, que no ano inicio de 2010 pareciam distantes, quando quase largou o futebol.

* A reportagem do clicEsportes entrevistou o meio-campo do Tigre na casa do jogador e depois o levou até o estádio Heriberto Hulse.




O apito da panela de pressão alerta para a hora do almoço no apartamento que fica no Centro de Criciúma. No forno, a mãe de Roni prepara, a pedido do filho, uma lasanha. Ali o jogador mora com o pai, Tito Lourenço, de 50 anos e a mãe, Esvalina Dias, de 49 anos. A televisão, de tela grande, exibe no canal de esportes, o VT da partida entre Santos e Once Caldas, pela Libertadores. Uma almofada com o símbolo e as cores do Criciúma decora o sofá. E na estante em frente à mesa, os três novos objetos de decoração que orgulham a família: os troféus conquistados no Campeonato Catarinense.

— Sinto um orgulho, né. A gente puxa a orelha as vezes para tentar cortar as baladas. Sempre falo pra ele se dedicar os treinos, pois essa é a profissão que ele escolheu— conta a mãe.

Aos 16 anos Roni deixou a família para jogar na equipe júnior do Criciúma. Disputou a Taça BH com o Tigre e chamou atenção. Em 2009 o técnico Argel deu a oportunidade e, três meses depois, o garoto estreiava na Série C com a equipe profissional. Com o sucesso, Roni admite aquilo que tanto preocupa a mãe.

— Comecei a ficar deslumbrado com as coisas, porque estava no profissional e tal. Saia todos os dias e também em momentos que não era permitido— revela.

À caminho do estádio Heriberto Hulse, da janela de um apartamento, uma fã acena e grita para Roni. Tímido, o jogador sorri. A fama é novidade na carreira. Nos vestiários, por exemplo, os colegas de time o chamam de "Neymar" do Tigre

— Vejo os vídeos dele e pela idade e pressão sobre ele, o moleque é muito diferenciado. É um cara que tem quase a minha idade e dentro de campo parece que brinca de jogar bola. Me espelho nele dentro de campo — diz enquanto atravessa o túnel escuro e sobe as escadas que levam ao gramado.



No círculo central de um Heriberto Hulse vazio, as brincadeiras cessam e o semblante de Roni fica sério. Sentado em uma cadeira e com os troféus aos seus pés, as mãos sãos as companheiras na hora de lembrar do passado. Ao pensar em cada palavra, o jogador segura e aperta os dedos. À sua frente, dois repórteres, um fotógrafo e duas câmeras. Roni revela porque quase largou a carreira no ano passado.



A saudade da família, principalmente dos pais, pesava nos ombros do menino, de então 19 anos. A distância de 2 mil quilômetros e os resultados ruins dentro de campo fizeram o telefone tocar em Cuiabá.

— Para ser sincero, eu liguei para o meu pai e falei que se eles não viessem para cá seria difícil e eu ia parar de jogar bola— disse.

E assim foi feito. Tito e Esvalina foram ao encontro do filho caçula e hoje a realidade é outra. Roni amadureceu fora e dentro de campo.

— Quando está tudo bem dentro de campo a saudade existe, mas dá para seguir. Quando a fase fica ruim, complica. Sem a família que é o teu pilar, não dá. Agora eu voltei a ficar focado só no futebol e as coisas estão nos trilhos mais uma vez— revela.



Com os pais e o irmão Tito, também jogador de futebol que atuou no Metropolitano durante o último Catarinense, Roni mudou sua rotina. Passou a dedicar-se mais aos treinos e ficar nas folgas com a família. Restaurantes, shoppings e cinemas ao invés de festas em casas noturnas. A diversão agora, garante ele, é o videogame e namorada.

— Faço jogo duro, mas o meu irmão que está mais tempo em casa e tem treinado bastante tem ganho mais. É um bom passatempo, dá pra brincar— diz sem perder o jeito moleque.



Entrevistas, flashes, aplausos e gritos não seduzem mais. Agora, o que importa para Roni é atingir os objetivos traçados no Criciúma para, no futuro, chegar naquilo que a maioria dos jogadores jovens imaginam para si.

— Não fujo muito do padrão. Uma Série A, a Europa e a Seleção Brasileira. Mas eu tenho que fazer as coisas aqui para no futuro, caso eu tenha conquistado o que quero, eu poder olhar para trás e saber que fiz as coisas certas por aqui— analisa.

RONIERI DA SILVA PINTO
Data de Nascimento: 19/08/1991 - 20 anos
Altura: 1,76m
Natural: Cuiabá, Mato Grosso

No Criciúma
Jogos: 58
Vitórias: 25
Derrotas: 17
Empates: 16
Gols: 16 – 11 no estádio Heriberto Hülse

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