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 | 22/05/2011 17h57min

Figueirense estreia na Série A com vitória sobre o Cruzeiro

Único gol do jogo foi anotado por Marquinhos Paraná, contra

Luciano Smamioto  |  luciano.smanioto@diario.com.br

Na volta à Série A, o Figueirense apresentou um futebol de primeiro nível. A vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, atual vice-campeão brasileiro e um dos candidatos ao título, ontem à tarde, foi de encher o Orlando Scarpelli de otimismo.

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O Cruzeiro de Cuca é um time com vocação ofensiva, tanto pela qualidade de jogadores como Roger, Montillo e Gilberto, quanto pelo posicionamento tático. Um time sem laterais: Gilberto e Marquinhos Paraná se posicionam no meio-de-campo, e quando o adversário tem a posse de bola, quem cobre o espaço deixado lá atrás são os volantes (Leandro Guerreiro vigia a esquerda e Henrique fecha o lado direito).

Com tanto jogador técnico armando o jogo e atacantes agressivos como Wallyson e Thiago Ribeiro, a Raposa precisou apenas de cinco minutos para criar as primeiras chances de gol. E os cinco minutos mostraram que o goleiro Wilson está totalmente recuperado da lesão no joelho que o afastou dos gramados ainda em abril. O goleiro evitou que as redes alvinegras balançassem em uma cobrança de falta venenosa do canhoto Roger e em uma bela enfiada de Wallyson para a infiltração de Thiago Ribeiro; Wilson mostrou coragem e técnica ao cair aos pés do atacante, fechar o ângulo e praticar o primeiro milagre do dia.

Lógico que uma formação como a do Cruzeiro tem seus problemas, e formas diferentes de explorá-los. Uma possibilidade: os atacantes seguram os zagueiros na área, um meia ocupa o espaço às costas do ala e recebe um passe longo, antes que o volante possa antecipar a cobertura. Outra: um atacante pode cair no flanco, obrigando um zagueiro a sair da área, abrindo espaço para a infiltração de um meia. Heber e Wellington Nem tentaram as duas variações pela direita e só não tiveram sucesso porque perderam no mano a mano, ou porque demoraram para avaliar o próximo passo e permitiram o reposicionamento da defesa, ou por falta de precisão no "último toque".

Mas o caminho era aquele mesmo, o avanço pelas laterais, e quando o ala Bruno caprichou no cruzamento da direita, Reinaldo quase carimbou o retorno do Figueira à Série A, aos 20 minutos. O atacante recebeu livre na área e teve tempo de enquadrar o corpo antes do arremate. A bola tinha endereço certo, mas o goleiro Fábio, justificando a confiança do técnico Mano Menezes, que o convocou para a Seleção Brasileira, voou no canto esquerdo para salvar o Cruzeiro.

O lance bem trabalhado no setor ofensivo mostrou ao time catarinense que era possível acuar a Raposa em seu campo de defesa, onde os jogadores alvinegros passaram bom tempo trocando passes nos 10 minutos seguintes. Não conseguiram encontrar espaço para uma jogada de ataque mais aguda, mas com a posse de bola mantiveram o jogo sob controle.

Aí o visitante acordou. Aos 36 minutos, após boa tabela pela esquerda, Gilberto arrancou em velocidade e arriscou o chute de fora da área. Wilson, bem colocado, pegou mais uma. Aliás, não foi a primeira vez que o time mineiro experimentou a finalização de longa distância. Montillo foi o último que tentou surpreender o arqueiro do Furacão, aos 42 minutos. Provavelmente a ordem tenha partido do banco de reservas, motivada pela informação de que o goleiro adversário estava voltando de lesão. Só que Wilson foi o jogador de sempre. Seguro, bem posicionado e com os reflexos em dia, ele pegou tudo.

No segundo tempo, o Figueirense "perdeu o respeito". Foi como se cada jogador do time catarinense tivesse batido no peito no intervalo e avisado: "Também sou de Série A e aqui no Scarpelli quem manda sou eu." Com um minuto, Heber já tinha arriscado um chute de fora da área; foi torto, fraco, mas o drible que permitiu o espaço para o arremate foi bonito e anunciava que a postura do time seria agressiva.

No minuto seguinte, Bruno avançou a dribles e tocou para Heber no meio da área. A perna esquerda já estava preparada para a finalização quando Marquinhos Paraná esticou o bico da chuteira e mandou a bola para escanteio. Foram três cobranças em sequência. A defesa mineira afastou o perigo nas duas primeiras. Na terceira, Wellington Nem meteu todo o veneno na cobrança na primeira trave; Fábio socou mal a bola, que bateu na cabeça de Marquinhos Paraná e entrou. Gol de cruzeirense, mas a festa é alvinegra.

Um gol geralmente muda uma partida. Quem sofreu é obrigado a se arriscar mais ao ataque. Quem marcou ganha confiança e fica esperando uma oportunidade de contragolpe. O resultado é um jogo mais aberto, com mais lances de gol. Wellington Nem arrisca a jogada individual de um lado, Montillo responde com um chute de fora da área do outro, e a torcida vibra a cada drible no ataque e a cada defesa de Wilson, que permanece invulnerável.

Aos poucos, os técnicos dos dois times vão tentando decidir o jogo com a troca de peças em suas equipes. Com dois volantes "amarelados", Jorginho foi precavido e trocou Túlio pelo sangue novo de Coutinho. Estava vencendo, apostou na defesa. Cuca fez o contrário. Perdia o jogo, precisava da virada, então mexeu no ataque. Tirou os dois meias armadores, abriu os dois atacantes e colocou em campo um centroavante de referência, Ortigoza, e um meia de ligação, o jovem Dudu.

As alterações não chegaram a mudar a cara da partida. As finalizações de longa distância continuaram sendo a principal arma do Cruzeiro, e Wilson seguiu sua rotina de defesas. Do outro lado, a trave salvou a Raposa aos 28 minutos, quando Dudu perdeu a bola no meio-de-campo, Wellington Nem armou o contra-ataque e rolou para a finalização de Reinaldo, que esbarrou na trave.

No minuto seguinte, Heber testou a elasticidade do goleiro Fábio, que fez linda defesa. E nem um goleiro de Seleção conseguiria evitar o segundo gol se Maicon tivesse matado a bola no peito com a habilidade de sempre, quando recebeu livre dentro da área, aos 36 minutos. Só que o domínio não saiu como o esperado e a bola foi parar tranquila nas mãos de Fábio.

E quem não fez quase levou. Aos 39 minutos, mesmo pressionado pelo lateral Bruno, Thiago Ribeiro conseguiu a finalização em um lance perigosíssimo do ataque mineiro e por centímetros não empatou o jogo. Aos 43 minutos, Wilson evitou mais uma vez o gol de empate, após um disparo de Ortigoza.

Àquela altura, o Alvinegro já tinha em campo o atacante Lenny, uma das contratações mais celebradas da temporada e que ainda não tinha entrado em campo por causa de sucessivas lesões. Ele teve pouco tempo para mostrar trabalho. Já o Figueira tem mais 37 rodadas para provar que é time de elite. O começo foi promissor.

Ficha técnica

Figueirense (1)

Wilson; Bruno, João Paulo Goiano, Edson Silva e Juninho; Ygor, Tulio (Coutinho), Maicon e Wellington Nem (Wilson Pittoni); Reinaldo (Lenny) e Heber
Técnico: Jorginho

Cruzeiro (0)

Fábio; Marquinhos Paraná (Fabrício), Léo, Gil e Gilberto; Leandro Guerreiro, Henrique, Montillo (Ortigoza) e Roger (Dudu); Thiago Ribeiro e Wallyson
Técnico: Cuca

Gols: Marquinhos Paraná (contra), aos 2 minutos do 2º tempo.
Cartões amarelos: João Paulo Goiano, Tulio, Ygor, Heber e Bruno (F); Léo, Gilberto e Leandro Guerreiro (C)
Arbitragem: Gutemberg de Paula Fonseca, auxiliado por Rodrigo Pereira Joia e Luiz Muniz de Oliveira
Local: Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis

DIÁRIO CATARINENSE
 
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