Contando todos os 29 gols, o jogador alcança uma eficiente média de 0,58 gols por partida. Além das anotações na pequena área, Damião comparece com frequência em arremates da grande área. Conseguiu marcar 11 vezes daquele espaço. Como se o próprio Damião tivesse calculado, a proporção é quase a mesma da contagem anterior: cinco gols de pé direito, quatro de cabeça e dois de canhota.

Sobraram apenas dois gols para colocar na conta dos tiros de fora da área. Mesmo com um histórico modesto nesse setor, Damião consegue surpreender e confundir os pobres goleiros: um gol saiu de um chute destro e o outro, de um arremate canhoto. Em 2011, o atacante marcou 17 vezes (14 no Gauchão e três na Libertadores), é um dos maiores artilheiros do Brasil e responde por 45,9% dos gols colorados na temporada. Só não marcou em quatro dos 15 jogos em que atuou este ano.

Por mais que a sua especialidade seja a conclusão de curta distância, como os números provam, o gol do qual Damião se lembra com mais carinho foge à sua característica: obstinado, ele arrancou do meio-campo e soltou um chute forte, logo depois da meia-lua. A ocasião foi mais do que especial:

— O gol da final da Libertadores foi o mais marcante. São muitos atacantes que sonham em marcar em decisão e eu consegui — conta Damião, em alusão ao chutaço que virou o jogo para o Inter contra o Chivas em 2010 (foto abaixo).

Nem sempre foi assim. Trazido do futebol catarinense em abril de 2009, o atual terror da pequena área alheia por pouco não deixou o Beira-Rio por deficiência técnica. Um dos avalistas de sua permanência foi Giovanni Luigi, então diretor de futebol do clube. Depois do susto de retornar para um clube pequeno, o jogador começou a fazer trabalhos especiais de aprimoramento com Luiz Fernando Roese, o Ortiz. Treinavam cabeceios, chutes das mais variadas distâncias, com o pé direito e esquerdo. E como deu certo.

— Ele venceu pela vontade. Foi um jogador incansável nos treinamentos — disse o ex-craque do futsal e hoje coordenador-técnico das categorias de base do Inter.

Não são apenas os números dentro de campo que estão ao lado de Damião. Os atraentes euros começam a rondar o dia a dia do atacante cada vez que um novo gol entra em sua conta. O próprio empresário confirma o assédio. Desde a convocação de Damião para a Seleção Brasileira em março, Vinícius Prates atendeu dezenas de telefonemas de clubes e empresários do Exterior.

O dinheiro não seduz por completo a direção, que pretende manter o centroavante ao menos até o final da temporada. Há uma estimativa de obter 20 milhões de euros pelos direitos (70% pertencem ao Inter e 30% ao clube Hermann Aichinger, de Santa Catarina). Seria assim a maior negociação da história do futebol gaúcho. E uma nova marca importante alcançada por Damião, o mais recente rei da pequena área.

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