Apesar da desconfiança de boa parte da torcida, Borges entrará em campo com um incentivo especial neste sábado diante do Cruzeiro, pelas semifinais da Taça Farroupilha, a partir das 18h30min. Três ex-atacantes com passagens importantes no Grêmio consultados pelo clicEsportes são unânimes: o centroavante não deve deixar o time de Renato, mesmo com a triste sina de perder gols em profusão.

Alcindo, Tarciso e Rodrigo Mendes marcaram gols decisivos em épocas distintas da história do Grêmio. E atestam: também já passaram por essa maré de azar. Artilheiro absoluto do clube com 264 gols entre as décadas de 1960 e 70, Alcindo acredita que sacar Borges do time só dificultaria a situação.

— Eu já passei por essa seca de gols, é normal. E você só pode superar isso jogando — avalia o Bugre.


Versão 2010
22 gols em 32 jogos - média de 0,68 gols por jogo

Versão 2011
10 gols em 17 jogos - média de 0,58 gols por jogo

Conhecido pela sua velocidade incomum, Tarciso ganhou o apelido de Flecha Negra. Além das qualidades como ponta, ele também prestou serviços ao Grêmio como centroavante — inclusive no Mundial de 1983, contra o Hamburgo. Compreensivo, Tarciso defende Borges. Diz que lhe falta companhia. Desde que Jonas deixou o clube em janeiro, o Grêmio se ressente de um atacante veloz, que municie o centroavante, argumenta. O jovem Leandro é a esperança do Flecha Negra para reavivar o faro de artilheiro de Borges.

Um atacante da história recente do Olímpico pede calma a Borges. Para Rodrigo Mendes, artilheiro da Libertadores de 2002 com 10 gols, as dificuldades do centroavante são uma consequência da queda de produção da equipe. Com um largo histórico de lesões na carreira, Rodrigo também lembra a série de problemas clínicos enfrentado por Borges desde que chegou ao Grêmio no início de 2010. Além de seguidas contusões musculares, Borges fraturou a perna e passou por cirurgia em setembro passado.

— O jogador precisa de ritmo para pegar confiança — aconselha Rodrigo, que já formou ataque com Renato Portaluppi e Romário, em suas passagens pelo Flamengo. — Além disso, a média dele é muito boa (é o artilheiro do time em 2011, com10 gols em 17 jogos, sendo 4 de pênalti).

Se a média não é problema, a preocupação reside nos gols desperdiçados. Atento, Renato providenciou um treino diferenciado para o jogador durante a semana. Segundo o técnico, Borges ganhou muita massa no Olímpico, perdendo a agilidade que tanto o caracterizou no São Paulo. Tarciso e Rodrigo Mendes concordam com Renato. O Flecha Negra puxa da memória Paulo Isidoro, meio-campista do Grêmio na década de 1980. Segundo Tarciso, Isidoro se negava a realizar exercícios físicos mais puxados, não gostava de levantar peso. "Não sou lutador", justificava.

— No futebol, tem que dosar. Não precisa ser um "Rambo" — entende Tarciso. — Tem que dar mais velocidade ao Borges para ele voltar a meter gols.

Alcindo recorre a outro jogador do Grêmio para ajudar Borges. De acordo com o Bugre, Victor é um exemplo de superação em campo.

— O Victor se recupera dentro dos 90 minutos. Não se perturba, tem uma cabeça boa. Em Erechim (vitória do Grêmio nos pênaltis pelas quartas da Taça Farroupilha), ele falhou no primeiro gol, mas defendeu uma penalidade.

Depois de acertar o poste na Bolívia e em Erechim, a chance se estende novamente aos pés de Borges na grama sintética do Passo D'Areia.

Conselhos para Borges


Alcindo. O mais importante é o próprio jogador saber que não está na melhor de suas fases. E não pode ligar muito para as críticas da torcida e da imprensa. Elas valem até como incentivo. Jogador se defende com as pernas.

Tarciso. Se eu fosse ele, chamava um goleiro após os treinos e chutava de todos os jeitos. Faria isso durante 30, 40 minutos. Treinar, treinar e treinar. No meu caso, que joguei mais de ponta, treinava cruzamento sem parar.




Rodrigo Mendes. É preciso manter a calma. Até porque no grupo do Grêmio não há outro jogador como o Borges. Eu não mexeria nele de modo algum. O time tem que aproveitar a sua experiência, é um centroavante tarimbado.