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Esportes  | 21/04/2011 08h13min

Do pior momento pessoal ao recomeço: Renan volta a sorrir

Em entrevista exclusiva, goleiro admitiu que estava abaixo tecnicamente em 2010

Diego Guichard  |  diego.guichard@zerohora.com.br

Derrota no Mundial, perda da titularidade e acidente de trânsito dos pais – que resultou na morte de Zilá Terezinha de Brito Soares. Para Renan, foi o seu pior início de ano tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Pelo espaço perdido, ainda chegou a cogitar que deixaria o Inter, o time de seu coração. Mas, após duas partidas consecutivas e nenhum gol sofrido, iniciou um recomeço.

Em entrevista exclusiva para o clicEsportes, Renan se mostrou amadurecido. Pelo discurso, não se preocupa mais tanto com a titularidade, mas sim com o sucesso coletivo do clube. Sobretudo, quer permanecer no Beira-Rio. Sendo que o contrato atual encerra em agosto, a direção colorada já trabalha pela renovação do empréstimo junto ao Valencia.

Da tragédia familiar recente, Renan consegue tirar forças para a carreira. Quer mostrar para seu pai Alberto Soares, que ainda pode alcançar a regularidade sob as goleiras.

Renan também admitiu que em 2010 não se encontrava no melhor das formas física e técnica. Agora, se sente mais seguro e acredita estar mais próximo do ideal para tentar recuperar espaço.

Foto: Diego Guichard

clicEsportes – Como encara essa nova retomada no Inter?
Renan –
É um momento diferente. Claro que no passado tive oportunidade de ter começado como titular. As coisas não saíram bem e segui jogando mesmo com certa irregularidade. Nesse ano que, na teoria, poderia acontecer um trabalho pouco a pouco, o Celso Roth optou pelo Lauro. Por outro lado, tive tempo para trabalhar e esperar minha oportunidade. Infelizmente, veio por uma lesão do Lauro. Mas eu estava preparado. Fico feliz por ter correspondido nesses dois jogos.

clicEsportes – O que mudou para você tecnicamente do ano passado para este?
Renan –
No ano passado, vim de 40 dias parado, de duas temporadas de treinamentos diferentes, de escolas distintas. Não são desculpas para não render o que eu mesmo esperava. Já em 2011 tive um mês para realizar pré-temporada. Não comecei titular, mas pude treinar com calma. Me encontro em um nível físico e técnico bem melhor do que quando voltei da Europa.

clicEsportes – Está se sentindo mais seguro?
Renan –
Com certeza. Sou um cara que trabalha muito. Eu sabia que não estava em bom momento técnico e físico (em 2010). Tentava corrigir durante a semana. Mas é difícil conseguir tempo para trabalhar e evoluir com jogos quarta e domingo.

Foto: Diego Vara

clicEsportes – Não estava na melhor fase, estava sendo criticado e precisava dar conta do recado. Como foi lidar com isso?
Renan – É difícil, até porque minha carreira sempre foi em cima de trabalho. As coisas nunca aconteceram com facilidade. De repente vinham duas partidas boas e não conseguia manter a regularidade. Isso tudo para goleiro é fatal. Gera certa intranquilidade não só pra o goleiro, como para a imprensa, que cobra, e para o torcedor.

clicEsportes – Por falar no torcedor, como está a relação com a torcida?
Renan –
Tranquila. Eu respeitei e entendi quando o torcedor me cobrava e exigia, chegando ao ponto de vaiar, o que nunca tinha me acontecido. Claro que isso não me deixava feliz. Em nenhum momento, respondi com um mau tratamento. Segui trabalhando até ter oportunidade.

clicEsportes – Do Mundial, alguns jogadores foram mais criticados do que outros. Se considera um deles?
Renan – Mesmo com a contestação, o Celso Roth manteve no time alguns jogadores, que eram cobrados diretamente. Considero normal que isso acontecesse. Mas acho que o time todo não conseguiu manter a regularidade após a Libertadores.
O engraçado é que em alguns momentos a gente empatava ou perdia e eu era o melhor em campo. Depois, vencíamos ou tínhamos uma derrota e eu era o culpado. Era irregular pra tudo. Mas isso é normal, que falha em alguma coisa sempre será cobrado.

clicEsportes – Quanto que o Marquinhos está sendo importante para esse teu novo momento?
Renan – Ano passado, as coisas foram acavaladas para mim e para o treinador de goleiros da época, o Clemer. Ele tentou o todo tempo corrigir o curso das coisas. Mas era difícil. As competições eram o returno do Brasileirão, a fase final da Libertadores e a preparação para o Mundial. Foi complicado para mim e para o Clemer encontrar um equilíbrio para trabalharmos com pouco tempo.
O Marquinhos está sabendo aproveitar o tempo que teve com todos os goleiros, até pela cobrança que existia em cima da posição. Estamos entendendo bem a linha de trabalho dele. Todos estão dando retorno. 

Foto: Diego Guichard

clicEsportes – Já sabemos que a diretoria está tratando da sua renovação. Em algum momento, chegou a pensar que deixaria o clube?
Renan – No momento em que existia essa cobrança e passei a começar o ano sem jogar... Até porque não se prevêem lesões. O Lauro vinha jogando bem.
E falta pouco para acabar meu contrato. Claro que nunca deixei isso me afetar. Não cheguei a me desesperar com isso. E podia acontecer de o Inter não querer a renovação, fosse pelos valores, interesse de outro clube ou por eu não ter dado uma resposta até então. 

clicEsportes – Como ficar “bem de cabeça” depois de tudo o que aconteceu? Afinal, neste ano foi um dos piores momentos pessoalmente e na carreira.
Renan – Foi o pior início de ano que já me aconteceu, Nem no momento em que fiquei afastado quase quatro meses no Valencia, por lesão, fiquei tão abatido quanto isso. Por outro lado, busquei forças no próprio treinamento, de me preocupar com detalhes para tentar dar a volta por cima.
Por outro lado, em alguns dias ainda não acordo legal. Sinto falta de falar com minha mãe, de ver meu pai em casa. Hoje, ele está bem, mas ainda está no hospital. Busco forças na minha família e no trabalho.

clicEsportes – Deseja dar uma resposta no campo para a torcida, mas também para teus pais?
Renan – A minha família sabe como sofri no Exterior quando as coisas não aconteciam, com lessões e para retornar ao Inter. É diferente quando o jogador volta para o clube que a família toda torce. Não é dar uma resposta, mas dar motivo para minha mãe, mesmo do céu, e para o meu pai, quando voltar para casa, ter orgulho e ter um motivo a mais para seguir vivendo a vida e me ajudando.

clicEsportes – Como será essa disputa como Lauro, quando ele tiver condições?
Renan –
Sinceramente, estou só preocupado em atuar bem e fazer as coisas acontecerem. Se tivesse ido muito bem contra o Emelec e não tivesse a classificação, de nada adiantaria. Troco qualquer coisa pelas classificações do Inter. Claro que meu desejo é atuar, mas respeito o Lauro pelo momento que vinha tendo. E ele sempre me respeitou. O que for para ser, a comissão técnica vai decidir.
Agora, independentemente de qualquer coisa, não estou me empolgando com elogios ou me abatendo com críticas. Respeito a opinião de todos, mas não estou me preocupando tanto, para bem ou para mal.  

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