* Atualizado às 01h44min

Em uma reunião que encerrou pouco depois da 1h desta quinta-feira no salão nobre do Beira-Rio, o Conselho Deliberativo do Inter tomou conhecimento das três alternativas que o clube tem para a reforma do estádio. No encontro, o assunto apenas foi apresentado pelo presidente Giovanni Luigi e debatido entre os conselheiros.

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A votação, que seria dia 14, abriu lugar para mais um encontro para debater o tema. A segunda data será no dia 14, com a votação final sobre a pauta no dia seguinte, dia 15 de março.

Defendendo a parceria com a construtora Andrade Gutierrez, quem primeiro falou foi o vice-presidente executivo Aod Cunha, seguido do presidente Giovanni Luigi. Em um segundo momento, o ex-presidente Vitório Piffero tomou a palavra para argumentar que o próprio Inter use seus recursos para a remodelagem do Beira-Rio.

— O nosso orçamento auto-sustentável colocou o valor da obra, com cobertura e todos os padrões Fifa, mais o entorno do estádio, em R$ 158 milhões. Em seis meses conseguimos erguer em caixa R$ 54 milhões. Ou seja, já temos um terço do valor que será preciso para a obra. Se isso não é um sucesso até aqui, não sei o que é sucesso. Claro que pode haver alguma variação para mais ou para menos — explicou o ex-presidente, após a reunião.

O fato de Piffero ter falado sem estar na ordem da sessão desagradou parte dos conselheiros, deixando o clima tenso dentro do salão nobre. Estava previsto que apenas a atual gestão falaria. Apesar disso, houve aplausos após a explanação de Piffero.

Conselheiros que se posicionaram favoráveis à ideia de Piffero, argumentam que o clube não pode se comprometer durante 20 anos com uma parceria da iniciativa privada, no caso a construtora Andrade Gutierrez.

— O modelo da gestão anterior tem um orçamento correto. Com a empresa a obra vai ficar duas ou três vezes mais cara. O conselho hoje tem muitos advogados, e estamos falando de uma obra de engenharia. O Piffero, assim como eu, é engenheiro — disse Emídio Ferreira

No fim da reunião, os demais conselheiros puderam questionar os detalhes das alternativas.

Ao deixar o encontro, o presidente Luigi afirmou que, mesmo com o impasse sobre o modelo a ser adotado para a obra, o Beira-Rio será a sede da Copa do Mundo no Estado.

— Eu acredito que a sede será no Beira-Rio. O que estamos discutindo é o modelo para tocar a obra. Demonstramos um estudo com as possibilidades e recomendamos uma parceria com uma construtora.

Para Luigi, a parceria com a Andrade Gutierrez tem pontos positivos e outros "questionáveis".

— Como positivo, o  fato de a construtora fazer toda a obra no padrão Fifa, com preço fechado. Não teríamos preocupação. Por outro lado, há o fato de que o clube abrirá mão das receitas vindas de novos produtos. A construtora ficará por cerca de 20 anos explorando os novos espaços originados a partir da obra.  

O presidente convocou uma entrevista coletiva para as 9h30min desta quinta para dar mais detalhes de como foi o encontro do Conselho Deliberativo.

Votação mais adiante

Ao chegar ao Salão Nobre para a reunião, o presidente Giovanni Luigi afirmou que a decisão ficou para o próxima dia 28 para que os conselheiros tenham tempo de analisar as propostas. No entanto, ao final, disse que a votação será no dia 15. 

— Eu poderia até pedir para o Conselho Deliberativo apreciar e votar as opções hoje. Mas a minha ideia é de que todos os membros, que representam os associados e a torcida do Inter, tenham calma para pensar e aí sim votar qual a alternativa melhor ou menos pior para o clube — disse o presidente.

Piffero criticou a atual direção pela demora para tomar a decisão no assunto. E afirmou que os dirigentes não têm familiaridade com o assunto:

— Acontece que hoje na gestão do clube temos pessoas que não são tão familiarizadas às obras. Na anterior havia três engenheiros: eu, o Pedro Affatato e o Emídio Ferreira. Todos engenheiros e acostumados com o assunto. A sensação que me passa é que estão querendo empurrar o problema. Se fosse para administrar uma rodoviária, tenho certeza que o Giovanni não passaria o problema adiante.

Siegmann defende parceria

Durante a reunião, o atual vice de futebol Roberto Siegmann saiu da sala e atendeu a imprensa. Durante alguns minutos, ponderou sobre as propostas apresentadas. Para ele, a alternativa de o clube arcar com recursos próprios está descartada, assim como a de buscar financiamento via BNDES, o que também custaria caro aos cofres do clube.

— Quem nunca fez uma reforma no banheiro de casa e orçou a obra em R$ 10 mil, por exemplo? Depois que a obra está andando acaba estourando um cano ou um outro imprevisto e começa a ver o preço subindo para R$ 12 mil, R$ 15 mil. A atividade fim do Inter é o futebol. Se fizermos um orçamento com recursos próprios que comprometa uma quantia nisso, sabemos quão grande será o prejuízo em caso de ficar fora de alguma competição, por exemplo. Eu não quero ver isso. Temos que deixar a obra para quem entende disso.

Prós e contras de uma parceria com empreiteira:

Prós: 

> O Inter não se endivida 
> A Copa estaria assegurada no Beira-Rio 
> O clube garantiria todas as melhorias bancadas pelo Estado no entorno do complexo Beira-Rio 
> O custo da remodelação do estádio é de R$ 253 milhões 
> O custo inclui edifício-garagem, área vip e novas suítes (durante 20 anos serão exploradas pela empreiteira)

Contras: 

> O clube perderia a autonomia sobre o novo edifício-garagem, suítes e nova área vip por 20 anos 
> A parceria seria somente para o estádio, sem trazer benefícios para o complexo 
> O Inter teria condições de bancar todas as obras com recursos próprios, ficando também com 100% dos lucros do novo estádio 
> O custo estimado da remodelação do estádio é de R$ 150 milhões 
> Não prevê construção de edifício-garagem, área vip e novas suítes

* Com informações do repórter Felipe Gamba