Sentado nas cadeiras estofadas da sala de conferências do Estádio Olímpico, as duas pernas apoiadas no assento da frente, Carlos Alberto concede entrevista a Zero Hora, na tarde de quinta-feira. Sua fala é então interrompida pelo hino do Grêmio, que explode a todo volume no interior do vestiário, acionado pelo zelador Moacir da Luz. O meia não hesita e sai cantando:

– Até a pé nós iremos, para o que der e vier, mas o certo é que nós estaremos, com o Grêmio onde o Grêmio estiver.

A cena evidencia o estado de espírito do polêmico reforço. Carlos Alberto parece sentir-se feliz no Grêmio, ao lado de Renato Portaluppi, que deu a ele a primeira oportunidade como profissional, em 1999. Fala de uma “sensação boa, de bem estar”. Sonha alavancar aqui seu retorno à Seleção. À vontade, diz que só irá sentir falta do futevôlei.

Não se trata de uma pessoa comum. Como jogador, Carlos Alberto empilha títulos, os mais expressivos deles pelo Porto, de Portugal. Como cidadão, mostra ser alguém que não aceita ser desrespeitado.

– Eu tenho opinião. Quando nasci, ninguém me deu um regulamento dizendo para eu concordar com tudo – avisa.

A carreira, por isso, é marcada por alguns incidentes. Um deles, em 2006, foi o bate-boca à beira do gramado com o técnico Leão, em Corinthians x Lanús, na Argentina. Substituído, seguiu discutindo com o treinador até ser contido pelos colegas.

– Tempos depois, liguei e pedi desculpas a Leão. Desculpas, não, pedi perdão. Disse a ele que não se ofende um pai de família. Aprendi isso depois do nascimento do meu filho. Eu não iria querer que o meu filho visse alguém me ofendendo. Ele foi superamistoso comigo. E disse que torce pelo meu sucesso – conta, com orgulho.