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 | 12/02/2011 08h31min

Paulo Josué, o metalúrgico da bola, entra no time do Juventude

Jogador de 21 anos trabalhava em uma metalúrgica de Gramado há três meses

Atualizada às 09h49min Adão Júnior  |  adao.junior@pioneiro.com

Para falar de Paulo Josué é preciso voltar três meses no tempo. No dia 13 de novembro do ano passado, ele aproveitou a folga na metalúrgica Famastil Taurus Ferramentas para disputar mais uma pelada em Canela, na Serra Gaúcha. Na verdade, uma pelada com grife. O Serrano, seu time amador, foi o primeiro adversário do Juventude na pré-temporada. Apesar da derrota de 1 a 0, o meia jogou bem, foi chamado para testes no Jaconi três dias depois, passou nas avaliações, assinou contrato até o final de 2011 e neste domingo pode entrar em campo pela primeira vez como profissional.

 — Cara, isso nunca tinha passado pela minha cabeça. É um sonho — confessa Paulo Josué, sobre a possibilidade de ser titular do Juventude contra o Lajeadense, às 17h, no Estádio Florestal, pela última rodada do primeiro turno do Gauchão Coca-Cola.

Aos 21 anos, o metalúrgico precisou decidir o futuro em três dias. Após o convite para treinar no Juventude, dúvidas, apoio familiar, sonhos e brincadeiras vinham à mente a todo o instante:

— Passa um filme na cabeça. Aceitei o convite na hora, mas não sabia o que ia acontecer. Tanto que pedi férias na empresa, não pedi demissão naquela ocasião. Falei com os meus chefes e expliquei a situação. Se não desse certo, voltava para a rotina normal do trabalho.

As dúvidas começaram a cessar quando o ex-técnico Beto Almeida o chamou para uma conversa e disse que estava gostando dele. Dali para assinar o primeiro contrato profissional foi um passo. O sonho de se tornar jogador de futebol só havia surgido na infância. No Serrano, o caminho já era outro. Futebol era divertimento e hobby. Não passava por sua cabeça ter uma chance como aquela do dia 13 de novembro.

— Quando eu tinha 15 anos, fiz testes no Inter e no Grêmio. Cheguei até a participar de um coletivo na base do Juventude, mas nada sério. Futebol profissional, para mim, já não tinha como. Isso até o Demore (Raimundo, vice-presidente de futebol) me chamar — revela o novato.

Josué ganhou aumento e fama na cidade. Na Famastil, de Gramado, já tinha um bom salário. A diferença é que agora é quase uma celebridade em Canela:

 — No jogo contra o Novo Hamburgo, um ex-colega da empresa me mandou uma mensagem dizendo que tinha visto o meu nome na tevê. Eu estava no banco de reservas. O pessoal liga, me manda mensagens. Meu pai, então, fica uns 15 minutos por dia falando comigo. Pergunta como foi o treino, essas coisas. Está todo mundo faceiro.

 Jogando ou não neste domingo contra o Lajeadense, credenciado após o belo treino de sexta-feira, Paulo Josué não quer nem imaginar o futuro. Seu desejo é viver o presente. 

— Se o Juventude me mandasse embora hoje, nem sei o que iria fazer. Não conheço nada, não tenho empresário. Não sei se conseguiria outro clube, se daria continuidade no futebol, se voltaria para a metalúrgica. Não quero pensar nisso, estou vivendo o agora.

 
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