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 | 07/02/2011 16h43min

Paixão em preto e branco: o clássico visto das arquibancadas

Teve torcedor roendo as unhas e puxando o cabelo e vindo da Europa no clássico 392 entre Figueira e Avaí

Renan Koerich  |  renan.koerich@rbsonline.com.br

Um clássico envolve emoções que vão além de classes, raça, sexo e idade. Na Capital, torcedores de Figueirense e Avaí passam a semana esperando o momento da bola rolar. O clima do clássico muda a rotina dos torcedores. O rosto fica pintado, a fantasia é vestida e o uniforme os define. Ao soar do apito, carregados em força, o torcedor do Figueirense é um termômetro daquilo que os jogadores realizam dentro de campo. Uma completa mistura de fãs sentados, ou em pé, que "dedicam a vida" ao clube. Unhas roídas, cabelos puxados e chutes no alambrado foram algumas das reações no empate de 2 a 2 entre Figueirense e Avaí, no Scarpelli.

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Experiência que ainda emociona
Passos lentos e cuidadosos, acompanhado da neta, o levam até o assento na arquibancada coberta. Aos 72 anos de idade e com mais de três décadas como sócio do Figueirense, Valdir dos Santos merece o conforto. Mesmo se considerando experiente em clássicos, o aposentado ainda sente o coração acelerar quando o alvinegro e o azul se enfrentam diante dos olhos. O som vindo do rádio, companheiro das jornadas, é o silêncio necessário em meio à explosão de sentimentos ao seu redor. Atento, e praticamente imóvel, a não ser pelo gol do time do coração, Valdir é um tanto quanto ponderado em relação a reações dos torcedores, os anos lhe ensinaram isso.

— O que adianta xingar o jogador ou o árbitro? Não adianta de nada! O que importa é apoiar o time e o que tiver que acontecer tem que ser dentro de campo — ensina, sob olhares da neta tímida.

Explosão que sonha em mudar a realidade
Agitado e em pé colado ao alambrado, o esguio e cabeludo torcedor tragava os cigarros na mesma velocidade com que a bola rolava poucos metros à sua frente. A cada lance errado do alvinegro, ou então uma decisão equivocada do árbitro, no seu entender, a grade verde vibrava e berrava de dor. Chutes e tapas na estrutura metálica eram os reflexos da ansiedade e da tensão que só o clássico contra o maior rival proporciona.

A pesar do sobrenome ser da europeu, o gelado mesmo ficava só por conta da chuva que caia em Eduardo Kowalski, de 25 anos. O formando em design, quer redesenhar a realidade entre os torcedores.

— É muita emoção e nervosismo. Eu amo este time e tenho muitos amigos que torcem para o Avaí. O nosso sonho era poder assistir com as camisas de Figueirense e Avaí no estádio, lado a lado em um mesmo setor — sonha.

Paixão nunca sentida
Amor ao futebol que leva ao estádio curiosos que querem sentir na pele a emoção de um clássico brasileiro pela primeira vez. Ele, Terry Sousa, das Ilhas Bermudas, observava maravilhado, em meio ao Setor C, os balões nas cores preto e branco, subirem aos ceús e se misturarem aos papéis picados. O brilho nos olhos deixava claro que nada do que fora visto antes, em outros estádios, era tão grande.

— Vivenciei dérbis em Londres, na Inglaterra, e nunca vi isso. A maneira como o brasileiro é apaixonado pelo futebol é incomparável — revelou encantado Terry, de 26 anos.

Acompanhado da norueguesa Silje Henriksen, os dois visitam o Brasil pela primeira vez. A loirinha de 23 anos vibrava e sentia-se parte da torcida nas palmas e nos gritos a cada ataque do Figueira. Ficar sob o bandeirão, foi indescritível.

— No meu país também gostamos de futebol, mas ao ver a maneira vocês são apaixonados por isso, me senti na obrigação de vir ao jogo — contou.

Elevado pela torcida
Com a derrota nascendo dentro de casa, e o clássico 392 tendo um vencedor, só restou a massa alvinegra, cantar o hino que arrepia desde o alvinegro mais jovem ao mais antigo: "Figueira, eu amo você. Figueira razão de viver, eu entrego minha vida a você" E assim, erguido pelo canto iniciado um minuto antes, Wellington subiu mais alto que a zaga avaiana e igualou o marcador.

Sem dúvidas o clássico que viajou no tempo com o Seu Valdir e esteve na Europa e no Triângulo das Bermudas, teve no placar a marca da torcida alvinegra.

 
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