| 27/01/2011 07h30min
Júlio Madureira enlouqueceu. Quando matou a bola no peito, tirou um zagueiro com um balãozinho para o lado e chutou rasante, sob o desvio de uma perna inimiga, para estufar a rede e virar o placar em favor do Juventude, aos 47 minutos do segundo tempo contra o São José-PoA, segunda-feira à noite, o atacante perdeu o senso de auto-preservação.
Enquanto meio time adversário levava as mãos à cabeça e todo o alviverde as jogava para o céu, Madureira virou-se, engatou uma quinta e disparou rumo à tela das arquibancadas do Cristo Rei, em São Leopoldo. Do outro lado, despencando cimento abaixo, vinha a papada, gritando, rangendo os dentes e de olhos esbugalhados. Até minutos antes, ela queria arrancar a cabeça do artilheiro do time no Estadual.
— Foi um momento de desabafo, pela circunstância do jogo. Ouvi alguns insultos, é verdade, mas ouvi coros de apoio do torcedor também. Foi um gol para lavar a alma — esclareceu o jogador.
O que já permite ao leitor concluir que ele não teve nenhuma parte do corpo decepada pela massa. Bem pelo contrário. Madureira alçou voo e deu uma barrigada na cerca, que àquela altura já estava vergando para o lado de dentro com o enxame de torcedores em escalada. O choque se transformou em abraços e tapas de agradecimento, na nuca e nas costas.
Até dias antes, o atacante que foi uma (cara) decepção na Série C estava prestes a ganhar sua própria comunidade de ódio nas redes sociais da papada. Com o gol de honra na derrota para o Canoas e o da virada frente ao Zequinha, talvez agora esteja se aproximando de resgatar uma fatura que e-mails de torcedores para a imprensa davam como vencida.
— Fisicamente estou melhor do que no ano passado. Tecnicamente, mais ainda. O momento é de dar a volta por cima.
Ou em linha reta, mesmo, que é mais rápido. Basta começar retribuindo ao ex-clube o gol que marcou contra o próprio Ju, em pleno Jaconi, há dois anos.
— Se acontecer, ótimo, mas o jogo é para o Juventude ganhar, não para o Júlio Madureira fazer gol — desconversa o camisa 7, cheio de lucidez.
"Fisicamente estou melhor do que no ano passado. Tecnicamente, mais ainda" disse o jogador
Foto:
Maicon Damasceno, especial
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