Esportes | 03/01/2011 08h11min
Há 35 anos, uma meia-lua não sai da cabeça do ex-lateral-esquerdo Jorge Tabajara. Driblado no lance do gol do hepta gaúcho do Inter, em 1975, foi considerado traidor e nunca mais jogou pelo Grêmio. Confira mais um personagem da série "No último minuto". Em áudio e fotos, Tabajara relembra lance que ficou marcado:
Aos 24 anos, o lateral-esquerdo Jorge Tabajara vivia seu melhor momento. A fase era tão boa que o técnico Osvaldo Brandão pretendia convocá-lo para a Seleção. Tabajara era esperança do Grêmio para evitar que o Inter igualasse seu hepta.
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Só que sua missão era parar Valdomiro. O lateral havia sido discreto no 1 a 1 da primeira partida das finais. Precisava mostrar serviço no Beira-Rio, na tarde de 10 de agosto de 1975. Preocupado, o presidente do Grêmio, Luiz Carvalho, recomendou a Tabajara dedicação máxima na marcação.
O empate persistia até os 14 minutos da prorrogação, quando Tabajara chegou confiante à bola, mas levou meia-lua de Valdomiro. Ancheta teve a chance de consertar, mas rebateu o cruzamento no peito do goleiro Picasso. A bola se ofereceu para Flávio Bicudo. O 1 a 0 deu o hepta ao Inter.
Tabajara foi eleito o culpado. Sua atuação foi avaliada como "a mais estranha do clássico, apática, displicente". As críticas cresceram por suposta atitude ao final. Último a entrar no vestiário, teria sido visto fazendo balãozinho e dizendo, em tom irônico: "1 a 0".
Para os gremistas, aquela atitude levantava suspeitas. Quatro dias depois, às vésperas de festejar 25 anos, foi afastado. O presidente alegou que era preciso investigar o que se dizia nas ruas. A suspeita de suborno não se confirmou, mas Tabajara nunca mais vestiu a camiseta do Grêmio.
O lateral foi cedido a Palmeiras e Sport e parou no Caxias. Em 1978, chegou ao Inter. No Olímpico, Tabajara se vingou com ajuda de Valdomiro, seu carrasco de 1975. Fez o cruzamento para o primeiro gol do ponteiro, que faria também o segundo no 2 a 1 do título, o único da carreira do lateral, encerrada naquele dia por uma artrose de quadril que o faz mancar da perna esquerda até hoje.
Em 1987, Tabajara ingressou na Polícia Rodoviária Federal e virou treinador de juvenis e de clubes da Segundona. Jamais pisou na grama do Olímpico.
Passados 35 anos do 10 de agosto de 1975, quando Tabajara reclama algum mal-estar, vem a pergunta:
— Foi um drible do Valdomiro?
> Na Zero Hora desta segunda, a entrevista completa com Tabajara
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