José Luís Costa
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Há mais de duas décadas, o ex-centroavante Nilson explicase sobre um pênalti perdido. O erro foi um dos atos da desgraça do Inter contra o Olimpia, na semifinal da Libertadores de 1989. Confira mais um personagem da série "No último minuto".
Aos 24 anos, Nilson vivia seu melhor momento. Três meses antes, havia feito os gols da virada 2 a 1 no Gre-Nal do Século e acabado o Brasileirão de 1988 como goleador. A fase era tão boa que Sebastião Lazaroni o chamou para a Seleção Brasileira.
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Nilson era o trunfo do Inter na Libertadores. Na semifinal, havia sido discreto contra o Olimpia, em Assunção. Apesar da vitória de 1 a 0, precisava mostrar serviço no Beira-Rio. Preocupado com seu centroavante, Abel Braga o colocou a treinar arremates na véspera do jogo de volta.
Em áudio e fotos, Nilson fala sobre o pênalti:
Em campo, o 2 a 2 persistia até a metade do segundo tempo. O empate já bastava, mas o Inter insistia no gol da vitória. Aos 24, Nilson sofreu pênalti. Era o cobrador oficial. Pegou a bola e ajeitou-a confiante. Mas o goleiro Almeida, um quarentão fora de forma, espalmou para escanteio.
— Sempre batia no canto esquerdo, e nunca havia perdido. Mas parecia que tinha algo sentado no meu ombro e ouvi uma voz estranha dizendo: "Muda de canto". Mudei e errei — lamenta Nilson.
Um minuto depois, o Olimpia fez 3 a 2 e forçou os pênaltis. Abel proibiu o centroavante de cobrar. Leomir errou, e o Inter perdeu por 5 a 3. Nilson só deixou o vestiário de madrugada, às escondidas, como um delinquente.
A partir dali, a situação só piorou para Nilson. O Inter perdeu o Gauchão para o Grêmio, com atuações opacas do centroavante. Antes do Gre-Nal que encaminhou o título, ele soube no aquecimento que seu Monza, o carro da moda na época, havia sido destruído em um acidente pelo meia Marquinhos. Reserva, Marquinhos havia pedido o carro para "fazer uma presença" com a noiva, vinda de São Paulo. Doze dias depois, fraturou o malar no treino e se despediu do Inter.
Nilson passou alguns meses na Espanha. Em 1990, voltou para Porto Alegre para ser campeão gaúcho pelo Grêmio. Rodou por 18 clubes e se aposentou em 2005. Por muitos anos, remoeu o pênalti contra o Olimpia.
Quando vem a Porto Alegre, Nilson recebe o afago dos colorados e escuta a mesma pergunta:
– E aquele pênalti, hein?
> Em Zero Hora desta segunda, a entrevista completa com Nilson
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