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 | 27/12/2010 06h39min

O que faz da vida: Rubens Minelli

Começa hoje a série sobre técnicos que treinaram tanto grêmio quanto Inter

FELIPE BORTOLANZA  |  felipe.bortolanza@diariogaucho.com.br

Poucos podem ostentar, no currículo, passagens marcantes comandando os dois maiores clubes do Rio Grande do Sul. A partir de hoje, e por mais sete edições seguidas, o Diário Gaúcho resgata histórias de oito treinadores que não estão na ativa e que tiveram o privilégio de trabalhar em Grêmio e Inter. Virão em ordem decrescente de idade. Os dois primeiros são paulistas. Os demais, gaúchos.

Quem são? Dicas estão na borda da página. Os nomes serão revelados somente na respectiva edição. Será a segunda série com o tema “o que faz da vida”. Em 2009, uma seleção Gre-Nal de ex-atletas, montada por torcedores, foi resgatada pelo jornal.

O primeiro personagem da turma de ex-técnicos é Rubens Minelli, 82 anos.


Até este paulista chegar ao Rio Grande do Sul, o Gauchão era Copa do Mundo. Em 1974, ele papou o Estadual pelo Internacional. Mas foi em 1975 que Rubens Francisco Minelli promoveu sua revolução:

– Tinham pavor de levar gol! Então, eu disse: “agora será diferente”. Primeiro vamos atacar, depois se preocupar em não levar.

Com essa filosofia, ele levou o Colorado aos dois primeiros títulos brasileiros – 75 e 76. Estava rompida a hegemonia do centro do país. Este revolucionário, no ano seguinte, virou algoz.

De volta à terra natal, foi tri com o São Paulo. É lá que goza a aposentadoria, há 13 anos.

- “Eles foram morrendo...”

Quando está em casa, com a mulher, Rosa, não perde um bom jogo de futebol na tevê. Não vai mais a estádio.

– Minha última vez foi no Beira-Rio, porque fui convidado para o centenário! – conta Minelli.

Em vez do tumulto, prefere a tranquilidade do sítio em Valinhos, a poucos quilômetros da capital paulista. Seu passatempo favorito é pescar:

– Tinha uma turma de oito amigos. Eles foram morrendo, só restou um. E pescaria em dupla não tem graça. Então, vou em pesque-pague.

Em 40 anos de carreira, coleciona 17 títulos. Além de dois nacionais, ao lado do fisicultor Gilberto Tim, ganhou três estaduais no Inter. Mais tarde, no Grêmio, venceu o Gauchão de 1985.

– Nunca subestimei o Tricolor. Por isso, fui bem recebido e venci lá também.

- “Dê conselhos ao Coutinho...”

Seu orgulho dos tempos de treinador só não é completo porque jamais trabalhou na Seleção. Em 1978, era unanimidade.

Ou melhor, quase. O então presidente da confederação, Heleno Nunes, preferiu Cláudio Coutinho.

E o surreal ocorreu durante o Mundial, disputado na Argentina. Minelli era comentarista da Rede Globo. Certo dia, no hotel, Heleno o procurou:

– Por favor, dê conselhos ao Coutinho. O Brasil está mal...

Minelli lembra que respirou fundo e virou as costas. Em seguida, foi treinar a Arábia Saudita. Lá, encheu o bolso e garantiu a aposentadoria muito antes de trocar a bola pela vara de pescar.

- Fundo do Baú

- Onde foi mais feliz? – “No Inter, pelo maior tempo de convivência, pelos títulos e por ter disputado 22 Gre-Nais, tendo perdido só dois. Mas me orgulho de ter sido campeão também pelo Grêmio.”

- Qual a maior alegria? – “Em 1969, pelo Palmeiras. Começamos o Robertão com quatro derrotas e chegamos ao título, hoje reconhecido. No Sul, foi o bi nacional. Rompemos a hegemonia de Rio e São Paulo.”

- E a derrota inesquecível? – “Semifinal do Paulistão 1971, no Palmeiras. Levei uma virada para o Corinthians. Estava 3 a 1 e terminou 4 a 3. E eu avisei no intervalo: “Só dois de diferença em clássico é perigoso!”

- Quem foi o atleta mais inteligente? – “Futebol é coletivo. O craque, sozinho, nada faz. Uma vez cobrei o centroavante Lima, no Grêmio, que tinha escolhido uma jogada errada. Ele parou e me disse: ‘Eu só jogo. O senhor é quem tem de pensar’.”

- Quem deu mais trabalho? – “Lula, no Inter. Não fazia por mal, mas era louco. Um dia não apareceu para treinar e pedi para buscá-lo em casa. Estava regando o jardim!”

Amanhã: um paulista que investe em imóveis.

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