O pedido de encerramento do convênio entre o Instituto Ronaldinho Gaúcho e a prefeitura surpreendeu a secretária de Educação de Porto Alegre, Cleci Jurach. Integrante do projeto Cidade Escola, a parceria propicia atividades esportivas no turno inverso ao da escola a cerca de 500 crianças e adolescentes carentes, entre 7 e 16 anos.

Na manhã desta quarta-feira, Cleci telefonou para Roberto de Assis Moreira, irmão e empresário de Ronaldinho, para indagar sobre as razões do fim do convênio em dezembro. Teoricamente, o acordo se encerraria em fevereiro, com possibilidade de renovação, como vinha acontecendo já há dois anos:

— O Assis se mostrou aberto a rever a sua posição — contou a secretária. — Segundo ele, depende de algumas condições, ele garantiu não ser uma decisão definitiva.

A secretária procura tomar conhecimento dessas condições numa reunião, prevista para a quinta-feira. Segundo Cleci, é preciso ouvir os detalhes e motivos da decisão da família Assis, bem como procurar, se possível, convencê-los do contrário.

— Antes, o espaço se destinava somente a práticas esportivas. No entanto, no momento em que também se tornou um modelo de prestação de serviços à comunidade ganhou visibilidade local e internacional — defendeu Cleci. —Todas os convênios funcionam como uma relação de mão dupla. As ações de parceira não envolvem apenas dinheiro — disse a secretária, afirmando que verbas são repassadas mensalmente ao instituto.

Assis foi procurado para falar sobre o assunto na manhã desta quinta, mas estava com o celular desligado. A reportagem do clicEsportes foi até o Instituto Ronaldinho, na Zona Sul de Porto Alegre, porém foi informada que entrevistas deveriam ser marcadas com antecedência.

Um dos advogados do Grupo Assis Moreira, Tales Simonatto, informou que a intenção da família Assis visa apenas ao encerramento do convênio com a prefeitura, descartando o fechamento do Instituto Ronaldinho Gaúcho.

Repercussão na comunidade

A possível interrupção na parceria entre a prefeitura e o Instituto Ronaldinho Gaúcho repercute no entorno do complexo, erguido no Bairro Hípica. Segundo a diretora da Escola Municipal Vila Montecristo, a notícia foi recebida com preocupação.

— Para a escola é uma grande perda — disse Silvana Gigoski Viegas.

Com 81 alunos no projeto e uma longa lista de espera para 2011, Vila Montecristo terá que pensar num plano alternativo no próximo ano letivo. Silvana acredita que, caso o convênio realmente se desfaça, possa existir reclamação por parte de pais e crianças.

— A escola promove outras oficinas e atividades de turno inverso, mas não consegue atingir todos os alunos. Sem contar que o projeto com o Instituto Ronaldinho é o preferido das crianças. Vamos ter que saber lidar com isso ano que vem — pondera.