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Esportes  | 23/11/2010 08h16min

Afastado da Fifa há 12 anos, Havelange é estrela de feira de negócios da bola

Aos 95 anos, ex-dirigente participou da Soccerex nesta segunda no Rio

Rodrigo Müzell, enviado especial  |  rodrigo.muzzel@zerohora.com.br

Numa feira de negócios da bola, ninguém poderia ser maior do que o homem que transformou a bola em negócio. João Havelange entra no auditório devagar. Com 95 anos, o brasileiro que mandou na Fifa por 24 anos, recebe mais pompas do que qualquer autoridade na Soccerex, feira internacional de negócios do futebol que se realiza esta semana, no Rio.

Ontem, na cerimônia que abria oficialmente o evento iniciado no sábado, os políticos ficaram na mesa, mas não discursaram. O ministro dos Esportes, Orlando Silva, foi o que chegou mais perto de efetivamente participar: entregou um troféu da organização do evento a Havelange. Para o governador do Rio, Sérgio Cabral, que atrasou o evento uma hora por estar preso no trânsito, e para o ministro do Turismo, Luiz Barretto, sobrou assistir à quase uma hora em que Havelange falou de sua vida, entrevistado por dois jornalistas convidados pelo evento, aplaudido até antes de terminar as respostas.

Falou como derrotou Stanley Rous para virar presidente da Fifa, em 1974:

– Fui a 82 países falar com as federações. Diziam que eu estava fazendo turismo, mas essas viagens nunca custaram um centavo a ninguém.

Contou do pavor ao ver a tensão no público em um jogo entre Israel e Irã, o que o fez apoiar a saída de Israel da federação asiática para evitar jogos contra países islâmicos. Só um tempero geopolítico: o prato principal era os negócios turbinados na sua gestão.

– A Copa da Argentina (em 1978) faturou US$ 78 milhões. Na África do Sul, o giro financeiro chegou a US$ 6 bilhões. Isso é que eu chamo de saber administrar – definiu.

Havelange garante que nunca fez política, mas disse que faz muito gosto se o ex-genro Ricardo Teixeira virar presidente da Fifa. Sem fazer política negociou a expansão do futebol com ditadores como Saddam Hussein (que definiu como uma pessoa desagradável). Amparado nos votos de países africanos e asiáticos, a quem deu mais espaço em copas do mundo Havelange manteve o foco em transformar o futebol no maior negócio esportivo do planeta.

É com esse foco no business que o ex-presidente da CBD e da Fifa é impiedoso com o maior símbolo do futebol brasileiro: o Maracanã. Havelange defende há anos a implosão do palco da derrota de 1950. Para ele, estádios hoje têm de ser modernos o bastante para empresas para seu entorno. Lembrado por um repórter que a reforma do Maracanã ultrapassa R$ 750 milhões, arrematou:

– Viu como eu tinha razão?

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