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 | 23/11/2010 02h18min

Como evitar marmelada?

Postura de alguns times para prejudicar rivais coloca pontos corridos em xeque

Porto Alegre – Nunca antes na história do Brasileirão o sistema de pontos corridos, adotado em 2003, teve a imagem tão maculada como agora. Ao repetir 2009, quando clubes grandes escalaram reservas para supostamente prejudicar rivais, a edição 2010 levanta o debate sobre mudanças. Talvez passar os clássicos para as rodadas finais, como defendem o técnico do São Paulo, Paulo Cezar Carpegiani, e o vice de futebol do Inter, Fernando Carvalho. Ou criar item no regulamento exigindo titulares, sob pena de multa, como se faz na Inglaterra.

O desconforto é generalizado. O técnico do Inter, Celso Roth, condenou a conjuntura ainda no domingo, quando escalou time misto, venceu o Botafogo e afastou suspeitas de que perderia para prejudicar o Grêmio na disputa por vaga à Libertadores. Falou em “vergonhas claras”. Perguntado sobre quais seriam essas vergonhas, o treinador escapuliu. Ficou evidente a referência à reta final de 2009, quando o Flamengo pegou um Corinthians desinteressado e um Grêmio cheio de reservas nas duas últimas rodadas. Acabou campeão, superando Inter e São Paulo.

Desta vez, um dos envolvidos é o São Paulo. A própria torcida pediu ao time para “entregar” para o Fluminense e dificultar o título do Corinthians. Os cariocas venceram por 4 a 1, após duas expulsões, com direito a comemoração dos torcedores são-paulinos a cada gol do Flu. A situação incomodou Carpegiani.

– Foi muito desagradável. É um desgaste muito grande responder sobre isso a toda hora.

Diretor de futebol do Grêmio, Alberto Guerra vê os pontos corridos como a fórmula mais justa, assim como Carpegiani. Acha difícil encontrar solução. Talvez com mudança de mentalidade, como ocorreu com o rebaixamento, que “não é mais aquele bicho de sete cabeças”.

Guerra fala com autoridade de quem estava no vestiário do Maracanã na última rodada de 2009. Não queria perder para o Flamengo nem ver o Inter campeão. Passou uma semana angustiado. Se pedisse para os jogadores perderem, sustenta, ficaria sem moral no vestiário.

Partidas sob suspeita também ocorrem na Europa, disse ontem à ZH o ex-atacante da seleção holandesa Van Hooijdonk:

– Para o jogador, se vencer, a torcida reclamará. Se perder, todos vão questionar seu profissionalismo – disse Van Hooijdonk, que esteve em São Paulo.

*Colaborou Rodrigo Müzell

carlos.ferreira@zerohora.com.br

CARLOS GUILHERME FERREIRA*
 
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