Surfista de final de semana, o cirurgião plástico Alberto César Hodara teve uma ideia inovadora após presenciar o afogamento de um jovem nas ondas esverdeadas da Praia do Santinho, em Florianópolis (SC), uma década atrás. Ele criou uma roupa equipada com uma espécie de pulmão artificial, que permite ao surfista permanecer submerso por até três minutos.

– É tempo suficiente para alguém se acalmar, olhar para onde há luz, retirar o leche (corda que prende a prancha ao corpo) da perna e voltar à superfície – diz Hodara.

Na segunda-feira, o estudante de administração Thiago Rufatto, 18 anos, morreu ao se enredar em um cabo de rede de pesca em Capão da Canoa, no Litoral Norte. De acordo com amigos do jovem que o acompanhavam, ao ficar preso, ele subiu e desceu algumas vezes, até se desprender da prancha e desaparecer. O corpo de Thiago foi encontrado cerca de 30 minutos depois. É a 49ª baixa de surfista em situação semelhante desde 1978.

– Se ele tivesse como respirar no tempo em que ficou preso, talvez tivesse sobrevivido – acredita o médico.

A invenção de Hodara tem um mecanismo de funcionamento simples. Ao entrar no mar e se posicionar para pegar as ondas, o surfista deve encher o pulmão o máximo possível e esvaziá-lo soprando uma válvula de borracha que fica posicionada na altura do queixo. O ar, que se acumula em bolsas localizadas nas costas e no tórax, tem duas funções: facilita a flutuação e, quando isto não for possível, pode ser aspirado novamente, permitindo receber oxigênio embaixo d’água.

– A roupa tem capacidade para cerca de 15 litros de ar – detalha o cirurgião, que vende a roupa por meio do site www.howaii.com.br.

O equipamento segue a tendência da indústria de aumentar a segurança de vestuários utilizados pelos surfistas. Veja exemplos de outras roupas especiais na reportagem completa, na edição desta sexta de Zero Hora.