Daniel Dias - Enviado Especial/São Paulo

Virou de um lado, mexeu de outro, e a Ferrari acabou se tornando protagonista do GP do Brasil. De quase figurante em termos de disputa de título na primeira parte do Mundial deste ano, a equipe italiana chega a Interlagos com chances de levar a taça com o espanhol Fernando Alonso.

Ea história de insucessos de Felipe Massa na temporada também mudou de figura na etapa brasileira da Fórmula-1. Conhecedor dos segredos do traçado paulista, Massa assume um papel decisivo para o companheiro.

Mas um possível jogo de equipe para favorecer Alonso ganhou ontem um aspecto pitoresco e, ao mesmo tempo, patético. O promotor Paulo Castilho, do Juizado Especial Criminal de São Paulo, ameaça prender o brasileiro se influenciar negativamente no resultado, como ocorreu no GP da Alemanha deste ano, no qual Massa abriu passagem para Alonso vencer. Massa sairia de Interlagos algemado, disse Castilho.

Alheios à ameaça, os jornalistas espanhóis acreditam em um Alonso agressivo no treino de classificação, para estar perto da ponta da prova se Massa realmente dominar a sessão.

Existe um sentimento claro e uma confiança: Alonso deve sair de Interlagos com o título muito bem encaminhado. Para o bicampeão, o carro da Red Bull deve levar vantagem em Interlagos:

– Mas estaremos mais próximos deles aqui no Brasil. Nas simulações que fizemos no computador, a Red Bull foi melhor aqui. No entanto, ficamos perto – avaliou Alonso.

Muito habilidoso em busca de seus objetivos, Alonso tratou de elogiar o companheiro. Segundo o espanhol, Massa teve azar na temporada:

– O Felipe é 100% profissional, vi isso desde o primeiro momento quando cheguei na Ferrari. Ele deixou de pontuar em três, quatro corridas, por isso está fora da briga pelo campeonato, mas nossos desempenhos sempre foram muito parecidos.

Ao lado de Rubens Barrichello, Lucas Di Grassi e Bruno Senna, Massa esteve ontem em Interlagos. Ao contrário de outras etapas deste ano, o vice de 2008 demonstrou tranquilidade.

– Tenho confiança em um grande desempenho nosso aqui no Brasil. Foi uma temporada difícil para mim, mas nunca perdi o foco no trabalho – comentou o piloto da Ferrari.

Em um dia com calor sufocante em Interlagos, o trabalho dos mecânicos se limitou ontem aos últimos ajustes nos carros e afino nos motores. Como de costume, a tarde terminou com chuva, uma convidada indesejada nas provas anteriores, no Japão e na Coreia do Sul. O serviço de meteorologia prevê chance de o GP do Brasil também ser disputado com piso molhado.

Os carros vão para a pista pela primeira vez hoje. Sem testes durante a temporada, os pilotos devem trabalhar bastante nos treinos livres.

Para Alonso sair do Brasil com o tri garantido, tem de aumentar sua diferença para o segundo colocado no campeonato, Mark Webber, da Red Bull, de 11 para 26 pontos. A combinação mais clara é o espanhol vencer a corrida, e o australiano chegar em quinto. O inglês Lewis Hamilton, da McLaren, e o alemão Sebastian Vettel, da Red Bull, têm menos possibilidades de título. Para Jenson Button, da McLaren, as chances são quase nulas.

ZERO HORA