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Esportes  | 04/11/2010 07h15min

As ideias de Mano: Treinador fala em recuperar prestígio da Seleção Brasileira

Técnico concedeu uma entrevista coletiva aos jornalistas da RBS nesta quarta-feira

Durante pouco mais de uma hora, o técnico Mano Menezes concedeu entrevista exclusiva aos veículos da RBS. Com tranquilidade e paciência, falou a respeito de Neymar e esmiuçou planos para a Copa de 2014. Até lá, deseja promover amistosos no Brasil para aproximar o torcedor da Seleção. Defendeu Ronaldinho e o confirmou em seus planos para o futuro. Vai depender do jogador.

<< A trajetória de Mano Menezes em fotos

Disse que acredita no Inter em Abu Dhabi e no Grêmio na Libertadores. Mas advertiu: é muito difícil se manter em ascensão o tempo todo, e no caso do Grêmio é o único jeito de alcançar o G-3.

Foto: Fernando Gomes

A convocação de Ronaldinho
"Ronaldinho é meia-atacante. Não é mais aquele jogador da arrancada de 50 metros, o que é absolutamente normal na trajetória de um jogador. É parecido com o que aconteceu com o Renato Portaluppi, hoje técnico. O Renato começou como atacante agudo, e com o tempo foi chegando mais para o meio. É uma evolução natural da carreira de um jogador diferenciado como o Ronaldinho.

No Milan, ele vem sendo utilizado como meia para dois atacantes centrais, Pato e Ibrahimovic. Na Seleção, atuamos da mesma forma. Será aproveitado desta forma. Não temos neste momento o jogador para desempenhar esta função.

Agora, até 2014, não sei o que vai acontecer. O fato de estar com 34 anos não importa. Com 28 anos ele não estava na forma ideal, como agora. Depende de como estará em 2014. Para este tipo de jogador, que já são provados, sobres os quais não paira dúvida acerca da sua diferenciação, basta estar bem fisicamente. A comparação, no caso do Ronaldinho, não é com os outros. É com ele mesmo, dentro dos limites naturais da carreira, como mencionei. Disse isso a ele pessoalmente quando fui vê-lo no Milan. E ele admite que é assim. Só depende dele. Se estiver bem, será convocado".
 
A renovação para 2014
"Tenho isto bem claro: não podemos abrir mão de ganhar nunca. Não há como um trabalho seguir adiante sem resultado, ainda mais no comando da Seleção Brasileira. É preciso ter equilíbrio neste processo. Por isso falei em alguns nomes de 2010, como Júlio César, Maicon e Lúcio. Nosso objetivo é recuperar a credibilidade da Seleção em todos os níveis, o que já vinha acontecendo em certa medida. Por enquanto, acredito que estamos conseguindo isso. Por isso a importância do trabalho".
 
O recurso do Twitter
"Quando minha filha Camilla (Camilla Menezes, jornalista) veio de Londres e me propôs criar um twitter, confesso que desconfiei. Fiquei reticente. Sei muito bem como é o meio do futebol. Mas ela me convenceu. A grande vantagem é a resposta rápida. A relação gerada com as pessoas é muito veloz. A orientação que adotamos é a parcimônia. Não damos a notícia, o furo pelo twitter. Se eu fizesse isso estaria ferindo a relação respeitosa e profissional acerca do papel da imprensa. É claro que tenho informações privilegiadas. Mas não seria justo que eu tomasse esta iniciativa. Usamos a ferramenta como divulgação (Mano é um caso de sucesso: tem 1,7 milhão de seguidores e nenhuma polêmica). Twitter não é lugar para bate-boca".
 
A estrutura da Seleção
"Nós estamos continuando uma caminhada. Até há algum tempo ainda víamos um jogador relutar um pouco para fazer parte da Seleção. Caminhamos muito nesses últimos quatro anos para que isso melhorasse bastante, e agora estamos estendendo isso também para as categorias de base. Vai da escolha de profissionais com capacidade para desempenhar esse papel. O futebol brasileiro sempre fez resultado baseado na sua capacidade individual, no seu talento. Mas a cada ciclo que passa a gente vê os outros se aproximarem mais um pouquinho, inclusive aqui na América do Sul, onde sempre mantivemos uma hegemonia que vem sendo enfrentada nos últimos anos com menos desigualdade. Temos que estar preparados com mais organização, mais seriedade e transparência".
 
O meio-campo da Seleção
O futebol bem jogado pode ter diversas formações. Já ensaiamos um meio, no último amistoso, com Lucas, Ramires e Elias, que dá um pouco mais de sustentação e uma recuperação mais rápida. Se quiser um pouco mais de armação, eu tenho de substituir o Elias por um jogador com mais dessa capacidade. Vai depender do jogo. Por exemplo, contra o Irã estávamos tendo dificuldade, eles fizeram um 4-1-4-1, propôs um jogo que nos dificultou. Alguém famoso disse que 4-1-4-1 era nome de linha de ônibus. Isso a gente tem de parar de omitir, quem faz cada papel em campo, até para que o torcedor tenha mais entendimento de futebol. Uma vez fui ver um jogo do Corinthians de basquete em Santa Cruz e, quando fiz um comentário um torcedor me corrigiu "esse jogador não pode entrar porque não é da posição". Isso é o sonho para o treinador de futebol, que o torcedor também tenha o entendimento de que determinado jogador não pode fazer essa função, então ele não é burro e nem está inventando. Às vezes vai servir colocar um meia. Se esse meia for o Ganso, ele dá a estabilidade que um técnico precisa naquele lugar. Mas às vezes outro jogador não dá a mesma estabilidade por característica. A gente tentou com o Carlos Eduardo, mas ele é um meia que vai para a beirada do campo. Aí, você fica só com dois no meio, não é possível em determinadas situações".

O caso Neymar
"Sou técnico de poucas conversas, mas bem objetivas. Não acho que tenha muito efeito pegar o telefone e conversar com alguém sem estar olhando o seu semblante, ler com o olho no olho o que ele está pensando. Isso vamos fazer mais na frente, quando estivermos com ele na Seleção. Pode ser dia 17 ou pode não ser logo na primeira oportunidade _ porque agora está todo mundo dizendo que temos de falar. E a gente já falou lá atrás, no Campeonato Paulista, que as coisas não estavam indo tão bem. Que poderia produzir no jogador uma ilusão de que pode tudo, não precisa obedecer às regras, as coisas do gênero que a gente fala e pode parecer antipático. É preciso passar isso a eles, senão você tem uma possível evolução bloqueada. Você olha para trás e se questiona porque ficou pelo caminho, o que ainda pode acontecer com um menino que é muito jovem. É bom ouvir também, porque eu não tenho todas as respostas. Algumas situações passam a ser exageradas, como a questão da comemoração no Santos da semana passada. Pode parecer que está tudo errado e não está. É bom ter calma nos dois sentidos para aproveitar esse grande talento do futebol brasileiro".
 
As chances de Grêmio e Inter
"Sempre que um clube brasileiro chega no Mundial, é com grandes chances de vencer. Não pode vencer sempre, mas a oportunidade se abriu novamente, o Internacional aproveitou, conquistou a Libertadores. Vai chegar porque está se preparando bem e tem grandes chances de ser vencedor. O Grêmio na Libertadores já é um pouco mais difícil. A reação do Grêmio foi muito boa, mas não tem jeito, você não consegue numa reta tão longa só fazer resultados positivos. Embora a equipe esteja jogando no segundo turno um futebol que merece colocar o Grêmio lá".
 
As relações com empresários
"Elas devem ser claras e profissionais. Na Europa, técnicos e jogadores têm agentes e não tem nada de nebuloso nisso. É assim que deve ser. Nos esportes altamente profissionalizados, nos Estados Unidos, é assim. Aqui ainda temos resistência para assimilar esta realidade. Agora, convocar este ou aquele para atender este ou aquele empresário não tem nada a ver com isso. Aí é outra coisa, tem outro nome. Veja bem, no meu caso: eu sou técnico da Seleção, que é o cargo mais importante do mundo na minha função. Qual o sentir de agir assim para convocar? Seria burrice. Tenho que chamar os melhores para atingir os objetivos traçados e vencer. Do contrário, se perder, a culpa será minha".
 
Para chegar à Olimpíada
"Se você pretende ganhar algo tem que se preparar. É o que estamos fazendo. Quando surgiu a oportunidade de coordenar o trabalho, passamos enxergar a seleção sub-20 quase como uma seleção principal. Quase todos os jogadores que fazem parte dela são titulares das nossas equipes e jogam os principais campeonatos brasileiros.

Enxergar por esse ângulo nos fez trazer um técnico com mais trajetória e credibilidade (Ney Franco). Mas para poder fazer isso tivemos que ter um pouco de criatividade e dar a ele também a coordenação dali para baixo, de todas as seleções. Porque até então não tínhamos tido um técnico exclusivo. Se queremos enxergar de maneira mais ampla esse trabalho, temos de investir mais e dar um papel um pouco maior a esse técnico, e dar a ele uma remuneração condizente. Dar à seleção sub-20 a importância que tem".

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