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 | 24/08/2010 02h22min

Brasileiros ignorados pelo Censo

Para evitar perda de verbas, municípios vizinhos ao Uruguai pedem mudança na pesquisa do IBGE

Por uma diferença de apenas 200 metros, Cláudio Melo, 53 anos, brasileiro, nascido em Santana do Livramento, não faz parte da contagem populacional de sua cidade natal. Ele trabalha em uma loja de informática do lado brasileiro, os filhos estudam em escolas gaúchas e sua família usufrui de serviços de saúde pública do município da Fronteira Oeste.

No entanto, em razão do aluguel da casa ser mais barato, Melo e sua família moram em Rivera, no Uruguai, e não serão contabilizados pelo Censo.

Prefeitos de cidades de fronteira querem modificações nos critérios utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso porque a principal verba repassada pela União aos municípios, o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – que chega a representar na maioria das cidades de fronteira mais de 50% desse tipo de receita – toma como base o número de habitantes.

Assim como Melo, as prefeituras estimam que pelo menos outras 12,4 mil pessoas vivam na mesma situação. Segundo os prefeitos, um dos principais problemas enfrentados pela maioria das cidades fronteiriças é a adequação da aplicação de verbas públicas nos serviços essenciais dos municípios, porque os recursos não estão de acordo com a demanda.

– Ganhamos menos do governo, e o número de pessoas usufruindo de serviços públicos não condiz com a contagem feita pelo IBGE. Só na fronteira temos um estimativa de que 3 mil brasileiros morem no Uruguai. Mas estudam, trabalham e usufruem de nosso sistema de saúde – explica o prefeito de Quaraí, José Carlos Gediel (PMDB).

Separada de Artigas, no Uruguai, por 750 metros de ponte, Quaraí perdeu R$ 1,5 milhão do FPM no último ano em razão da baixa na contagem populacional. Ainda que o município registre 18 mil votantes, a estimativa do IBGE é de que a cidade tenha 22,5 mil habitantes.

– Queremos nos unir aos outros prefeitos e tentar expôr nossa situação para o instituto. Eles não podem fechar os olhos para essa realidade. É preciso estipular uma faixa de fronteira – diz Gediel.

marina.lopes@zerohora.com.br

MARINA LOPES
 
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