Ao meio-dia de hoje, ao vivo no Jornal do Almoço, teremos a oportunidade de começar uma aventura: eu e o fotógrafo-repórter-cinegrafista Jefferson Botega deixaremos Porto Alegre, de carro, dividindo a direção, rumo ao coração do Rio Grande do Sul. É a única certeza que teremos. A partir de Santa Maria, durante 30 dias, pretendemos visitar dezenas de lugarejos, dos mais isolados grotões até grandes e ricas cidades.

A cada manhã, veremos o sol nascer em um município e, quando ele adormecer, estaremos em outro quadrante do Estado. No caminho, convertidos em caçadores de sonhos, iremos em busca do que apelidei de Rio Grande profundo. O Rio Grande que muitas vezes não aparece no censo, nos veículos de comunicação, aquele que, a cada eleição, é esquecido até por candidatos. Vamos atrás dos desejos da nossa gente. Do caminho, de asfalto ou de chão batido, que cada candidato que almeja o seu voto, caro eleitor, deveria percorrer. O caminho até o Piratini.

“O GPS já está na mochila, mas levaremos ainda mapa de papel”

Costumo brincar que conheço melhor as ruas de Porto Príncipe, no Haiti, onde estive três vezes, a última no terremoto de oito meses atrás, do que o lugar onde nasci. Por isso, o orgulho dessa missão. A vontade é de botar logo nosso carro na estrada, parar no primeiro vilarejo que nos chamar a atenção e transmitir para vocês o que vimos, ouvimos e sentimos.

Só descrever os sonhos da gente do meu Estado por meio de fotos e textos já seria uma emoção e tanto. Mas, graças às novas tecnologias, que hoje nos permitem entrar ao vivo praticamente de qualquer lugar e interagir de forma instantânea pela internet, faremos isso por meio de vídeos, áudios, bate-papos pelas redes sociais.

Viajaremos por boas BRs e, provavelmente, atolaremos em estradas vicinais. Comeremos muitos churrascos, cucas, peixes, nos encantaremos com a emoção de quem talvez nunca tenha visto uma equipe de reportagem de perto – e talvez, por engano –, julgue que sua história não merece ser contada.

O GPS já está na mochila, mas como não dá pra confiar apenas na tecnologia, também está lá um bom e velho mapa de papel. A mateira com a cuia e o chimarrão já está no banco de trás da caminhonete. E as botas que ainda trazem marcas do barro do Haiti no porta-malas.

Boas histórias podem estar do outro lado do mundo. Ou do outro lado da rua.

Gaúchos e gaúchas, a caravana vai partir. Venham conosco.

rodrigo.lopes@zerohora.com.br