O rompimento diplomático entre a Colômbia e a Venezuela respingou no Brasil. O presidente colombiano, Álvaro Uribe, disse ontem que “deplora’’ a referência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à crise de seu país com a Venezuela como “assunto pessoal’’ – na véspera, Lula afirmara que há apenas um conflito verbal entre os dois países e não uma disputa mais grave.

“Uribe deplora a forma pela qual Lula, com quem cultivamos as melhores relações, referiu-se a nossa situação com a República Bolivariana da Venezuela, como se fosse um caso de assunto pessoal’’, afirma um comunicado da presidência colombiana, que critica o brasileiro por ignorar a ameaça que representa a suposta presença de guerrilheiros colombianos em território venezuelano.

O comunicado diz ainda que Lula desconhece o esforço de Uribe para buscar soluções por meio do diálogo: “Repetimos, com todo o respeito ao presidente Lula e ao governo do Brasil, que a solução que a Colômbia aceita é que não se permita a presença dos terroristas em território venezuelano.’’

A nota se refere ainda às declarações de Lula de que pretende se reunir com o presidente venezuelano, Hugo Chávez Chávez, e o presidente eleito colombiano, Juan Manuel Santos – com posse marcada para 7 de agosto – para buscar uma conciliação.

– Pretendo conversar muito com o Chávez, muito com o Santos, porque acho que o tempo é de paz e não de guerra – afirmou Lula, em entrevista após almoço com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, quarta-feira.

– Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que ouvimos mais aqui na América Latina. O que temos de ter primeiro é paciência – acrescentou o brasileiro.

Ontem, o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, disse que Lula não responderia às críticas de Uribe.

– O presidente Lula já tomou conhecimento dessas declarações e não considera apropriado que se responda a esse comunicado – disse Baumbach.

O rompimento de relações entre Colômbia e Venezuela, na semana passada, foi uma iniciativa de Chávez, depois que o governo colombiano levou à Organização dos Estados Americanos (OEA) denúncias de que a Venezuela abriga guerrilheiros das Farc e do ELN em seu território.

Bogotá