Esportes | 28/07/2010 07h57min
Menos de 24 horas depois da vitória do Inter sobre o Flamengo, no domingo, Taison, o autor do gol, escreveu em seu Twitter: "Estou muito feliz. Estou voltando a jogar bem." Agora, sim, ele pode se dizer contente. Na chegada ao clube, em junho, o técnico Celso Roth provocou Taison, até então em má fase. Quis saber se o jogador estava bem e, diante da afirmativa, retrucou:
— Tudo bem nada. Como tudo bem se não estás jogando?
Admirador de Taison como adversário, com quem chegou a discutir em campo quando treinava o Grêmio, no início de 2009, Roth datou, naquela conversa, o renascimento do atacante. Em sete rodadas do Brasileirão, até junho, Taison só havia entrado como titular duas vezes. Desde então, foi escalado nos quatro jogos, marcou em dois e deu passe para um outro.
De fato, Taison Barcellos Freda está de volta. No time principal desde 2008, então sob o comando de Tite, o guri de Pelotas que apareceu para o futebol no Progresso, parece, aos 22 anos, ter alcançado a maturidade necessária para lidar com os altos e baixos possíveis em qualquer carreira. E, justamente por isso, como acredita Fernando Carvalho, vice de futebol do Inter, ele consegue driblar a ansiedade e jogar com segurança.
— No início, quando ia dar o último passe, não conseguia porque não parava para pensar. Conversei muito com ele sobre isso. Ele tinha de pensar antes de concluir a jogada. Com a ansiedade de juventude controlada, agora, depois de ver o lado ruim e ficar sem jogar, está encontrando o equilíbrio. E teve a aposta no início do ano passado.
Daquela vez foi Carvalho quem provocou:
— Era uma aposta que eu queria que ele ganhasse. Se fizesse 20 gols, ganharia um prêmio. Quando chegou ao 15º, aumentamos a meta, e ele foi premiado.
Apegado à família, do tipo que enfrenta a estrada a Pelotas e passa um único dia na companhia dos 10 irmãos e da mãe Rosângela, Taison também é um cara carinhoso e brincalhão, apesar da timidez explícita. É daqueles que abraça os companheiros, que batuca pelos cantos, seja no balde ou saco de bola e por aí vai.
— É um guri carinhoso, abraça a gente, é atencioso. Não sei se porque saiu de casa cedo, pelo apego à família — cogita o auxiliar da preparação física Flávio Galo, com quem Taison trabalhou desde a época das categorias de base, em 2006.
Galo recorda que a primeira compra de Taison, depois de profissional, foi uma casa para a família em Pelotas, e não um carro próprio, como faz a maioria dos jogadores. Ele, aliás, odeia dirigir. Quem faz as vezes de motorista é seu empresário e descobridor Alcione Dornelles, ex-técnico do Progresso. Na infância, Taison chegou a trabalhar como flanelinha e entrou em fila de sopa em porta de igreja.
Véspera de jogo, Taison só entra em campo se, antes, telefonar para dona Rosângela e lhe pedir a benção. Talvez por considerar tanto o vínculo familiar, a bronca do técnico, figura que não raro funciona como mentor ou como um pai para os atletas, tenha surtido efeito. Taison está obedecendo Roth.
Em gráfico, comparação de Inter e São Paulo:
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