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 | 11/07/2010 19h54min

Suspeito de matar Eliza Samudio mantinha ligações com a polícia

Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas apontou que Bola era um homem "programado para matar"

O principal suspeito de assassinar e ocultar o corpo de Eliza Samudio, de 25 anos, Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi identificado no ano passado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas como um homem "programado para matar" e cujos serviços costumavam ser requisitados por policiais.

De acordo com o presidente da Comissão, deputado Durval Ângelo (PT), embora tenha sido excluído em maio de 1992, Bola se apresentava como policial civil e mantinha "muitos tentáculos" na corporação até ser preso na noite da última quinta-feira. Esta semana, a Comissão cobrará formalmente agilidade da Corregedoria-Geral de Polícia Civil nas investigações que apuram a denúncia sobre a atuação de uma suposta organização de extermínio no Grupo de Respostas Especiais (GRE). O esquema foi levado pelo então inspetor do GRE, Júlio Monteiro, à Comissão, que o denunciou à Corregedoria em maio de 2009.

O sítio no bairro Coquerais, em Esmeraldas (MG), onde na semana passada foram feitas buscas pelo corpo da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, era alugado por Bola e serviu de treinamento para a equipe de elite da Polícia Civil mineira. Criado em 2004, o GRE teve sua imagem manchada por denúncias de compra fraudulenta de veículos, extorsão e crimes de ameaça.

— Infelizmente o inquérito caminha a passos de tartaruga — observou Ângelo.

— Parece estar se comprovando aquilo que nós dizíamos na época, que o Bola era um cara programado para matar, que ele terceirizava as mortes, inclusive prestando serviços para policiais. Ele tinha muitos tentáculos na polícia — completou.

Por causa das denúncias, Ângelo recebeu ameaças de morte e três pessoas precisaram ser incluídas no Serviço de Proteção a Testemunhas. Dois jovens e um motorista de táxi são apontados como vítimas do suposto grupo de extermínio. A denúncia diz que a organização utilizava um método de assassinato e ocultação de cadáver semelhante ao que foi descrito pelo adolescente J., de 17 anos, primo de Bruno, em relação a suposta morte de Eliza.

A Polícia Civil informa que a denúncia ainda está sendo investigada pela Corregedoria-Geral e o inquérito é acompanhado pelo Ministério Público. Até o momento, 45 pessoas já foram ouvidas, entre elas Bola. O ex-policial cumpre prisão temporária na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, também na região metropolitana da capital mineira.

Bola ainda não foi ouvido pelos delegados responsáveis pelo inquérito. A Polícia Civil mineira considera o seu depoimento como fundamental para a investigação. Rodrigo Braga, advogado do ex-policial, diz que seu cliente nega qualquer envolvimento com o desaparecimento de Eliza ou com o suposto grupo de extermínio do GRE.

Reprodução

Agência Estado
 
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