O Uruguai acordou hoje para sonhar. O telão gigante na Praça da Independência está sendo montado em frente à estátua do general Artigas, o libertador nacional.

Aos poucos, as ruas de Montevidéu vão sendo tomadas de torcedores com as cores  da Celeste para o jogo com a Holanda, valendo uma vaga na final da Copa do Mundo 60 anos depois da última vez, no Maracanazo e 1950. O vento e o frio de 13 graus não impede as pessoas de se fardarem com gorros e usarem bandeiras imensas como cobertores.

A imprensa ganhou cores épicas literalmente. As emissoras de TV estão com repórteres nas ruas desde cedo. Os apresentadores da Monte Carlo TV aparecem na tela com mantas do Uruguai no pescoço. A capa do El Pais, maior jornal do Uruguai, cobriu a capa de azul celeste e disse apenas:

– Hoy destiñe el cielo.
 
Em tradução livre, a manchete pede à seleção do técnico Oscar Tabárez que pinte o céu de azul celeste. É uma expressão: segundo a Redação do El Pais, significa "tingir" uma cor. Que a seleção vire o próprio céu, onde estarão todos os 3,5 milhões de uruguaios caso a Celeste elimine a Holanda. Abaixo da manchete, só a data de hoje, 6 de julho.

Além das brincadeiras – o Últimas Notícias fala em espremer a laranja, numa referência óbvia com "Laranja Mecânica" –, a imprensa dá destaque para o momento Dunga de Tabárez.

Ele não gostou de ver informações e algumas fotos do seu treino fechado publicadas e partiu para o ataque com os jornalistas. Disse que o acordo com a Fifa havia sido violado pelos jornalistas ao não respeitar a sua privacidade com os jogadores. Protestou que segredos foram divulgados para uso do inimigo.

Um suposto pedido de Cáceres para jogar no lugar de Lugano o irritou profundamente.

– É uma vergonha. Isso não é jornalismo. Alguns jornais agem aqui como se fossem correspondentes de guerra – protestou Tabárez.

Se for à final, a relação do técnico com a imprensa, que vinha sido cordial e amistosa até aqui, pode tomar outro rumo.