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 | 04/07/2010 12h20min

Rivalidade da fronteira faz gaúchos secarem o Uruguai na Copa

Clima do Mundial movimenta divisa entre Livramento e Rivera

Leandro Behs  |  leandro.behs@zerohora.com.br

Curiosas as questões de fronteira. Se você que está em Porto Alegre perguntar na rua se a torcida brasileira na Copa do Mundo, a partir de agora, será para o Uruguai, a resposta provavelmente será sim. Em Livramento, na divisa do Brasil com a uruguaia Rivera, porém, as coisas não funcionam assim. Todo o sentimento sul-americano, uma espécie de levante contra a poderosa Europa, muitas vezes transforma-se em rivalidade ferrenha. Parte da explicação vem do fiscal de trânsito gaúcho Fabiano Rodrigues, 30 anos, nascido e criado em Livramento:

– Estou secando eles, sim. Se ganharem, serão tricampeões, e nós, seremos vítimas de piadas por quatro anos – declara.

Mas não é apenas isso que motiva uma parte da gauchada da fronteira a abraçar a Holanda, nossa algoz, contra o Uruguai. Logo na primeira fase da Copa, após o empate da Celeste com a França e a vitória sobre a África do Sul, a turma de Rivera invadiu Livramento, quebrou vidros de carros, provocou a gauchada e promoveu brigas. Resultado: aumento da rivalidade e policiamento de lado a lado fechando a "fronteira da paz".

Em dias de jogos do Brasil (até encontrarmos a Holanda) e do Uruguai, gaúchos do Brasil e do Uruguai não se cruzam mais. Barreiras são montadas entre o Largo Hugolino Andrade e a Avenida Sarandi, no marco divisório dos países, para evitar conflitos.

– No futebol, sempre fomos rivais. Mesmo quando há jogos entre os nossos clubes – conta André Oliveira, 45 anos, comerciante em Livramento, que colocou em seu carro uma bandeiola do Uruguai e outra do Inter.

– Torcerei pelo Uruguai, afinal, somos todos sul-americanos, mas compreendo aqueles que vão secá-los – completa.

No lado do Uruguai, a Celeste transformou-se em estado de espírito. Há orgulho no ar uruguaio. As bandeiras do país estão estendidas em prédios, estão nas janelas dos carros e no peito das pessoas. Uma das lojas do free shop de Rivera confeccionou uma espécie de boton, no qual lê-se "Soy Celeste", para os funcionários usar e mostrar a todos este novo tempo no país.

– No Uruguai, todos estão orgulhosos dos nossos meninos. A missão deles já foi cumprida, recuperamos um sentimento de unidade, de nação – afirma a vendedora Gabriela Rodriguez, 43 anos.

Para os jovens uruguaios, em especial, a campanha na África do Sul também os faz pensar em um futuro melhor no próprio país. Recém-promovido dos juniores do Peñarol, o volante Heber Collazo, 20 anos, passeava feliz pelas ruas de Rivera, enquanto aguardava o momento da preleção para o amistoso contra o Inter. Cuia e térmica à tiracolo, ele resumiu o sentimento celeste:

– As pessoas estão orgulhosas do nosso país. Forlán, Suárez e companhia estão se sacrificando não só para mostrar um Uruguai forte como nação, mas uma América do Sul muito próspera – enfatiza.

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