Acabaram-se as retrancas. Esta é a expectativa de Dunga para as fases finais da Copa do Mundo. Na entrevista coletiva de véspera do jogo contra a Holanda, pelas quartas de final da Copa do Mundo, o técnico não confirmou a escalação do Brasil. Disse que Elano estava fora e que Felipe Melo havia treinado bem, mas haveria de ser reavaliado no dia seguinte após o treino. E disse o que imagina que será o jiogo desta sexta, às 11h (de Brasília).

— Esperamos uma partida aberta. Daqui para a frente são jogos eliminatórios, não dá para ficar se cuidando muito, tem que jogar para a frente. São jogadores de qualidade, a tendência é de que seja um jogo bonito de se ver. Quando as duas equipes tentam jogar, fica melhor para todos. É uma questão matemática. Se você colocar em meio-campo 21 jogadores, não sobra espaço. Fica mais fácil destruir. Se você dividir por todo o campo os 22, o espetáculo ganha.

Questionado sobre as declarações de Johann Cruyff, de que não pagaria ingresso para ver a atual Seleção Brasileira jogar, Dunga preferiu o bom humor:

— Ele não paga porque tem ingressos da Fifa para ver de graça...

Quando um repórter perguntou se ele pagaria para ver a Holanda jogar, respondeu:

— Eu sou pão duro, só vejo pela televisão (risos). Não, Copa do Mundo é um espetáculo único. Eu pagaria, sem dúvida nenhuma. A Holanda tem jogadores tão importantes quanto o Brasil. É um futebol europeu, muito técnico, que a gente gosta de olhar.

Gripado, o técnico da Seleção continuou bem-humorado e evitando polêmicas, com exceção de dois momentos. Questionado sobre um suposto desacordo entre os médicos da Seleção a respeito da condição de Elano, pensou duas vezes, respirou fundo e decidiu ir para o confronto:

— Os caras reclamam que eu bato. Mas agora eu tenho que bater porque eu preciso defender o médico, que é um cara de qualidades notáveis, assim como o fisioterapeuta, aí vem um cara se formou na faculdade em quatro anos e vai discutir com o médico. Discutir não, vem afirmar o que é certo. O cara está lá no Brasil, a 10 horas daqui, fazendo matéria sobre o Elano. Na Seleção, as coisas são o mais claras possíveis. Quando o Elano se machucou, o médico veio aqui e disse: "está fora". Não tem isso.

Outro momento foi quando questionado se teria tido algum arrependimento ou mudança de postura ao longo da Copa.

— Sim, eu não leio mais nada. Porque se você lê de manhã e lê à noite de novo, já mudou tudo. Aí você tem que mudar de opinião duas vezes. Assim mudo uma só, ou nenhuma — ironizou.

Mais calmo foi o momento que o técnico falou sobre a decisão por pênaltis na semifinal de 1998, contra a Holanda.

— Naquele pênalti eu tinha que confirmar o de 1994, senão iam dizer que o primeiro havia sido sorte. Veio toda aquela pressão novamente. Foi uma partida emocionante, decisiva. Ser campeão numa Copa do Mundo e vice na seguinte, são ótimos resultados. Depois na final de 1998 não conseguimos jogar como antes, mas aquela partida foi muito bonita de ver e participar, com adrenalina até o fim.

Dunga minimizou o fato de a seleção holandesa ter podido conhecer o campo de jogo. As duas equipes foram proibidas de fazer o reconhecimento do Nelson Mandela Bay, que não está em boas condições. Porém, enquanto Dunga falava, os holandeses caminhavam pelo gramado. Para o técnico brasileiro, conhecer o campo andando de tênis não faz diferença. Para o Brasil, seria útil apenas se os jogadores pudessem calçar as chuteias e treinar com bola.

Dunga ainda comentou sobre o forte vento que sopra em Port Elizabeth:

— O vento vai atrapalhar as duas equipes. Sem ele, poderiamos fazer uma partida melhor. Esta bola tem uma trajetória muito complicada, se move muito, e o vento deve dificultar ainda mais. A qualidade dos jogadores em saber controlá-la vai fazer a diferença. Esta bola é mais ou menos como pegar aquelas bolas antigas, tirar o couro e jogar só com os gomos. Eu não tentei jogar com ela, pois já não sou muito bom, e ela ainda não trata bem, aí fica pior.