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 | 27/06/2010 16h15min

Sem o auxílio da TV, a Copa é uma farsa

 




Aconteceu outra vez e seguirá acontecendo até os conservadores da Fifa e da International Board se renderem ao admirável mundo novo. Não tem mais cabimento, em pleno século 21, negar o uso da imagem como elemento para auxiliar a arbitragem.

A barbaridade do gol da Inglaterra anulado neste domingo
, quando a bola bateu no travessão e quicou meio metro distante da linha, é um assassinato. O de Tévez, da Argentina, contra o México, segue o mesmo raciocínio: impedimento claríssimo detectado pela TV.

Há dolo, como diriam os criminalistas. Se há dolo, é crime. A Fifa tem noção de que quatro anos de trabalho podem ir por água abaixo por uma ilegalidade escancarada, mas silencia.

Na África do Sul, a vergonha ficou ainda maior. Nada escapa à câmera lentíssima que flagra até o suor escorrendo pelo rosto ou o músculo balançando depois da pancada. Se o árbitro uruguaio Jorge Larrionda valida o gol, era 2 a 2 e outro jogo. A Inglaterra não atacaria como um bando de índios, a Alemanha não teria o contra-ataque e tudo poderia (ou não) ser diferente.

É fácil impedir erros com este. Basta incorporar ao futebol um recurso que vem sendo adotado cada vez mais em outros esportes e com ótimos resultados, aumentando a emoção e o interesse dos torcedores: o ''desafio''. O time ou o jogador (no caso do tênis) tem direito a pedir a revisão de um lance com o auxílio eletrônico. Já é assim no tênis, no futebol americano e no basquete.

Os conservadores argumentam que no futebol é diferente. Falam de tradição. Dizem que daria confusão parar o jogo a todo instante. Bobagem: no caso do gol inglês, por exemplo, não ia demorar 30 segundos para bater o martelo. E não precisa ser a todo instante.

Se cada técnico tivesse o direito de exigir ao menos uma vez por jogo o auxílio da TV em lances de área (em caso de pênalti ou gol, por exemplo), erros bárbaros como este de Alemanha x Inglaterra seriam reduzidos pela metade.

O que não tem mais cabimento é a tecnologia no esporte ser do século 21 e os recursos da arbitragem do século 18. Daqui a pouco o mundo estará enviando turistas para a lua em ônibus espaciais e os conservadores do futebol seguirão defendendo que se use apenas fricção para fazer o fogo.


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