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 | 24/06/2010 05h13min

Para Eusébio, Portugal pode surpreender o Brasil

Ídolo português fazia parte do time que eliminou a Seleção na Copa de 1966

Maior ídolo da história do futebol português, o atacante que destruiu o Brasil de Pelé na Copa de 66, o ex-jogador Eusébio lançou ontem um alerta que mais parece uma velada ameaça aos brasileiros: a Seleção que se cuide no jogo contra Portugal, amanhã, em Durban, às 11h.

— Não digo que Portugal é mais forte, pois o Brasil é uma potência, cinco vezes campeão do mundo, com bons e inteligentes jogadores. Não há comparação entre as equipes, mas dentro do campo podem acontecer coisas inesperadas — declarou o "Pantera Negra", hoje integrante da comissão técnica da seleção portuguesa.

Eusébio sabe bem do que está falando. Afinal, em 1966, ele foi o protagonista da vitória de Portugal por 3 a 1 sobre o Brasil, que contava com Pelé, Manga, Brito e tinha o comando do técnico Vicente Feola. Daí a credencial de Eusébio Ferreira da Silva, moçambicano de nascimento, transferido ao Benfica em 1961, com o qual venceu 10 títulos português, cinco Copas de Portugal e a Copa dos Campeões de 1962. Não bastasse isso, foi goleador da Copa do Mundo de 1966. Com razão diz que a atual equipe portuguesa terá que se inspirar em sua geração para derrotar os brasileiros num Mundial.

— O Brasil não estava bem em 66. Até meu companheiro e amigo Pelé não estava bem, com uma lesão — disse.

A lembrança mais recente de um encontro entre as duas seleções assusta Eusébio. O Brasil goleou Portugual por 6 a 2 em amistoso disputado em Brasília, em 2008.

— Não me lembrar disso — brincou o ídolo.

Alcindo viu das tribunas

Alcindo Marta de Freitas já era o Bugre Xucro do Grêmio quando integrou a Seleção da Copa de 1966. Jogou na vitória de estreia contra a Bulgária por 2 a 0 (Pelé e Garrincha) e formou um inesquecível ataque com Garrincha, Pelé e Jairzinho. Depois, ao lado de Tostão e sem Pelé, ainda participou da derrota por 3 a 1 diante da Hungria.

Mas no fatídico 3 a 1 de Portugal sobre o Brasil, Alcindo viu tudo das tribunas de honra do estádio de Liverpool ao lado de João Havalange, o então presidente da velha CBD. Viu Pelé ser massacrado a butinadas e sentiu de longe a angústia da violência e da falta de reação do time brasileiro. Portugal era melhor.

— O Brasil estava descontado: Pelé, Garrincha, Zito e eu chegamos lesionados à Inglaterra, e a base do nosso time era da geração da Copa de 58, ou seja, já era velha — lembra, Alcindo.

À epoca, Eusébio concorria com Pelé pelo trono de melhor do mundo. E a rivalidade descambou para a violência em campo. Hoje, aquelas cenas não seriam admissíveis. A Seleção Brasileira chega à Copa com muito maior credencial do que a de Portugal.

— Pelo que tenho visto, o Brasil está a caminho do hexa.

Com Manga e Pelé

O jogo que desclassificou a Seleção no dia 19/7/66, em Goodison Park, Liverpool, na Copa da Inglaterra.

Brasil (1)

Manga; Brito, Fidélis, Orlando e Rildo; Denilson, Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná. Técnico: Vicente Feola.

Portugal (3)

Pereira; Morais, Baptista, Lucas e Conceição; Graça, Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões. Técnico: Oto Glória.

Gols: Simões, aos 15; Eusébio, aos 27 e 85; Rildo, aos 70 min.

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