Kaká está feliz. Mesmo suspenso da partida contra Portugal pela expulsão contra a Costa do Marfim, o camisa 10 brasileiro demonstra alívio pela recuperação física alcançada neste início de Copa do Mundo. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, ele admitiu que estava temeroso pela sua condição para o Mundial.

— Realmente, eu não estava tão à vontade. No primeiro jogo da Copa, não sabia em que condições estaria, até pela ansiedade. E o primeiro tempo não foi muito bom mesmo. O segundo tempo já foi um pouco melhor. E contra a Costa do Marfim, fiz várias coisas que eu estou acostumado a fazer em campo. Foi um alívio. Cheguei a treinar em três turnos para ter uma boa evolução na Copa. (...) Foi muito ruim, eu sempre tive uma vida de atleta, bem regrada, porque sei da importância de ter um bom condicionamento físico, e mesmo assim não conseguia atingir meu auge.

Autor dos passes para dois dos três gols contra a Costa do Marfim, Kaká escolheu a jogada que mais gostou:

— O passe para o primeiro gol foi legal por ter sido o primeiro. Mas no segundo gol eu fiquei muito feliz por ter sido uma jogada clássica. Muitos gols ja saíram dessa forma — afirmou, referindo-se ao avanço pela esquerda, com passagem pelo zagueiro e cruzamento para Elano marcar o terceiro gol do Brasil.

Kaká se disse emocionado com a festa brasileira na vitória de domingo:

— Vi imagens de Copacabana explodindo no gol do Brasil, vi imagens de crianças comemorando. Aquilo é emocionante, não tem preço.

Apesar de dizer que teve apenas três expulsões na carreira, Kaká concordou que precisará se policiar nos próximos jogos da Copa para não ter um novo problema. Mas garantiu que não teve culpa no cartão vermelho. Comemorou a "coerência" da Fifa por não ter citado nenhuma agressão, apenas o segundo cartão amarelo. E avisou:

— Se tivesse acontecido algo, eu teria sido o primeiro a pedir desculpas por ser irresponsável em uma partida de Copa do Mundo. Em nenhum momento a Seleção Brasileira foi desonesta ou desrespeitosa. Apesar de ser um grupo super tranquilo, ninguém tem sangue de barata. Vocês nunca vão ver a Seleção indisciplinada, mas também nunca vão ver a gente retroceder quando tiver que ir para um confronto mais físico — disse, referindo-se ao jogo contra Costa do Marfim, que teve muitas faltas no segundo tempo.

Como não poderia deixar de ser, Kaká foi questionado sobre os xingamentos de Dunga na última entrevista coletiva.

— Eu estava na zona mista, não vi a coletiva, prefiro não fazer nenhum comentário. O Dunga tem os motivos dele. Com o grupo, que ele não tem motivos, ele é super tranquilo, brinca, conta piada.

Mesmo expulso, Kaká deve ir a Durban apoiar a Seleção no jogo contra Portugal. Adversário da próxima sexta-feira, Cristiano Ronaldo mantém contato com seu companheiro de Real Madrid.

— Tenho companheiros de clube nessa seleção. Se criou uma rivalidade nos últimos anos, porque nos enfrentamos várias vezes. Na última, foi uma goleada em Brasília, mas também perdemos em Londres. Tenho conversado com Cristiano com frequência. A última coisa que ele falou foi que a minha expulsão foi injusta.

Kaká está de olho nos possíveis adversários nas oitavas de final, que vêm do Grupo H:

— Temos visto um grupo muito equilibrado, três times podem acabar com seis pontos. Cada um com a sua característica. O Chile bem sul-americano, com toque de bola, a Espanha com grandes jogadores, muita qualidade, e a Suíça num estilo europeu, defensivo, boa bola alta, contra-ataques.