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 | 19/06/2010 03h26min

Ruy Carlos Ostermann: Um passei por Joanesburgo

Sair, dar uma volta

Estava cogitando de sair essa manhã pelo centro de Joanesburgo, enfiar um casaco e olhar as vitrinas, entrar num bar, sentar na praça, olhar as pessoas, ler o jornal The Sun, editado aqui e que vende mais de 400 mil por dia em três edições, manhã, tarde, noite, espiar as gôndolas dos supermercados, gastar meu tempo bem ao contrário do que faço todos os dias.

Mas não sei, estamos todos muito cansados e dormindo tarde, os olhos se ressentem, comicham, vê-se menos ou turvo. Não sei se terei companhia para esse passeio matutino. Sair sozinho não se aconselha por várias razões, a principal é o desconhecimento do que possa conter, no caso, a Mandela Square, que é a indicação que todos fazem. É o item segurança que passa por todas as conversações.

Não há brancos nas ruas nos bairros de brancos aqui na cidade, aliás, uma linda cidade, de exuberante construção civil – uma beleza de arrojo e definição arquitetônica. Nas áreas da periferia, onde vivem os negros, há movimento nas ruas e nas praças, gente sentada, conversando, caminhando, mas nenhum branco. São as formas ainda do apartheid que persistem e vão levar muito tempo ainda para se dissiparem como o vento faz com a poeira das minas de ouro desativadas.

Fazer meu passeio vai ser levar em conta essas sutilezas de uma sociedade que se desconhece e, por isso, se tem receio que possa nos desconsiderar. Não sei.

Jogos

Camarões diminuiu muito, ele que foi o país mais refulgente das últimas competições. Hoje volta a jogar, agora em Pretória, contra a Dinamarca, outra seleção que pareceu diminuir de tamanho. Tudo na estreia, e tudo pode se modificar. Os fatos emocionais contam muito. Antes, em Durban, o Japão precisa evitar que a Holanda possa ganhar a posição. Tenho curiosidade.

Ignorância

Recebo uma solicitação amável, a moça de cadernetinha na mão, fala inglês com moderação. É da Nova Zelândia me explica e eu entendo que trabalha no jornal e que precisa ouvir especialistas sobre quem são os melhores jogadores da Copa. Digo que é cedo para fazer uma avaliação, que se ela me fizesse uma única pergunta – qual o melhor goleiro por exemplo – eu também não saberia responder. Ela ficou decepcionada com a minha ignorância.

Saramago

A morte de José Saramago me faz correr até o quarto, abrir a mala, tirar camisas e calças, revirar o fundo na certeza de que só poderia estar ali, mas sentei na cama, baixei os braços e me resignei. Queria ainda homenageá-lo, um dos maiores escritores que já soube ler. Tinha certeza que Caim estava comigo, estava relendo e me divertindo cada vez com essa renovada história bíblica. Fiquei com a perda.

ZERO HORA
Emerson Souza / 

Mandela Square, em Joanesburgo
Foto:  Emerson Souza


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