Apesar da primeira morte de um catarinense por gripe A este ano, registrada no sábado, autoridades e especialistas acreditam que a segunda onda da doença deverá atingir o Rio Grande do Sul com bem menos força do que no ano passado. A vacinação de 4,3 milhões de pessoas mais suscetíveis registrada até ontem, combinada à estimativa de que um milhão de gaúchos já foram expostos ao vírus em 2009, deverá restringir a circulação do H1N1 no Estado.

A Secretaria Estadual da Saúde afirma que a morte do jovem catarinense de 21 anos (que, segundo familiares, não havia se vacinado), registrada em Balneário Camboriú, não altera a expectativa do governo gaúcho: a chamada segunda onda deverá provocar internações e mortes, mas em número bastante abaixo do verificado no ano passado.

Durante 2009, foram contabilizadas 272 mortes decorrentes da nova gripe em solo rio-grandense. Até agora, não houve caso confirmado. O coordenador do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, afirma que a ocorrência no Estado vizinho não altera o sistema gaúcho antigripe.

– Nós estamos preparando a prevenção há bastante tempo, vacinamos 90% da nossa meta, preparamos a rede hospitalar e ambulatorial para atender a casos graves. Santa Catarina não muda nossa situação de alerta, até porque o Paraná já registrou bem mais mortes – afirma Paz.

Desde o início do ano, o Paraná contabiliza 12 vítimas da gripe. No ano passado, foram registrados 288 mortos. Paz acredita, ainda, que o trabalho de conscientização sobre medidas preventivas entre a população, como lavar as mãos seguidamente, usar o álcool gel e isolar os doentes suspeitos ajudarão os gaúchos a enfrentar a segunda onda com maior segurança. A secretaria informa não ter estimativa do provável número de casos e de quantos deverão sofrer complicações.

Faixa mais suscetível à doença foi vacinada

A expectativa é compartilhada por especialistas como o infectologista André Luiz Machado da Silva, dos hospitais Santa Casa e Conceição. Para o médico, dois fatores deverão frear o ímpeto da segunda onda.

– Parte da população já foi exposta ao vírus, e a faixa etária mais suscetível a complicações foi imunizada. As metas de vacinação foram atingidas na maioria dos grupos, com exceção da idade de 30 a 39 anos. Isso diminui a circulação do vírus e diminui o número de contaminações – avalia.

A secretaria estima que pelo menos um milhão de gaúchos foram contaminados pelo H1N1 – ainda que muitos nem tenham ficado sabendo –, e já se encontram a salvo de uma nova infecção.