| 30/05/2010 11h21min
A lesão no fêmur da perna direita, logo na infância, quase tirou do futebol os gols de David Villa. Só que o baixinho invocado, aparentemente sem o estereótipos ideal para um atacante, gosta de contrariar prognósticos. Logo na primeira competição da Espanha sem o egocêntrico Raul, ele encontrou mais gente disposta a vencer desafios.
Villa não só foi o artilheiro - algo habitual em sua carreira - como ganhou a Eurocopa de 2008. Fim de um jejum de 44 anos. Para os torcedores e a imprensa espanhola, mais do que isso. Fim da agitação só no início, da alcunha pejorativa de Fúria.
Agora o atacante está a oito tentos de se tornar o maior goleador da história da seleção. E nem o favoritismo para o título da Copa do Mundo lhe assusta. A Espanha caiu na semifinal diante dos Estados Unidos na Copa das Confederações em 2009. Mas Villa afirma que o grupo certamente aprendeu a lição.
A entrevista por email foi pouco antes da transferência dele do Valencia, por aproximadamente R$ 89 milhões, para o Barcelona. Tão objetivo em campo quanto com as palavras, ele atribui ao técnico Luis Aragonés o começo do sucesso da seleção. E destaca:
— Essa Espanha tem equipe. Ele nos pôs com muita ambição.
Que lembranças você tem, da época de criança, da lesão na perna direita?
— Na realidade, eu era muito pequeno. Tinha uns quatro anos quando rompi o fêmur. Aos meus pais disseram que eu podia ficar com sequelas. Mas passei uns dois meses com gesso e depois, pelo que me lembro, fiquei bem.
Isso te levou a ser ambidestro?
— No futebol há que se aproveitar todas as opções para marcar os gols. Tento chutar ora com a perna direita e ora com a esquerda. Faço isso desde quando comecei a jogar com meu pai. E tenho melhorar nos dias atuais.
Você sempre foi atacante? Imaginava tantos gols, apesar da baixa estatura?
— Sempre fiz muitos gols. E não creio que para o meu estilo de jogo ser baixo é um inconveniente. A história do futebol tem demonstrado que muitos goleadores tem ou tiveram estatura mediana.
Alguns jogadores espanhóis estão em importantes clubes da Inglaterra. Tais como Pepe Reina, Cesc Fábregas e Fernando Torres. Isso é bom para a seleção?
— A Liga Inglesa tem muito potencial e clubes com grande poder econômico. Eles veem nos espanhóis jogadores de grande nível. Trata-se de uma relação boa para nós.
Muitas lesões estão ocorrendo nas vésperas da Copa do Mundo. Fábregas e Torres tentam se recuperar. Você tem receio ou mais cuidado nesse momento?
— Não, eu sempre que vou a campo tento dar o máximo de mim.
A seleção espanhola lembra a maneira de jogar do Barcelona. A grande fase do meio campo formado por Xavi, Iniesta e Busquets pode fazer a diferença na Copa?
— Creio que o mérito da Espanha é a união de todas as peças, o trabalho do técnico e o bom ambiente que inclui todos os jogadores. Além é claro da qualidade dos atletas, como estes que você aponta.
Você e o Fernando Torres compõem o melhor ataque desta Copa do Mundo?
— Me entendo perfeitamente bem com Torres. Ele já demonstrou que é um grande atacante.
E sobre Mata, o seu parceiro no Valencia. Prefere jogar com ele na seleção?
— É um amigo pessoal e posso dizer que está merecidamente na seleção. São jogadores (Torres e Mata) com estilos diferentes, mas que seguirão dando muitas alegrias à Espanha e seus clubes, com certeza.
A seleção escolhida para a Copa na África do Sul é melhor do que a da Eurocopa?
— As decisões de (Vicente) Del Bosque foram acertadas. Ele manteve as ideias e a base que ganhou a Euro com o (Luis) Aragonés. A maioria dos jogadores se conhecem bem dentro e fora de campo. Isso nos faz melhores. Mas não podemos cometer erros, pois sabemos que uma falha põe a perder o Mundial.
Por que a seleção espanhola melhorou tanto nos últimos anos?
— Suponho que muitas coisas colaboraram para isso. Especialmente o fato de convertermos a seleção em uma equipe. Junto a uma geração de jogadores de altíssima qualidade, há uma idéia clara de equipe e uma magnífica união na busca de objetivos coletivos.
Você acredita que a conquista da Eurocopa mudou a forma com a qual a seleção espanhola é vista? Vocês sempre tiveram boas equipes, que chamaram a atenção dos amantes do futebol, mas passaram um enorme período sem títulos.
— Penso que foi um certo alívio. Pesava para a Espanha ter sempre grandes jogadores e não ser capaz de ganhar algo importante. Tinha muita pressão. Rompemos essa dinâmica e demonstramos que podemos enfrentar qualquer adversário em igualdade de condições.
Qual a importância de Luis Aragonés nesse processo? O que fez para a equipe ser tão forte?
— Ele juntou gente de muita capacidade individual, com idéia de tratar bem a bola. Fez o grupo unido. Pôs essa Espanha com muita ambição.
Como foi a adaptação ao estilo do atual técnico da seleção espanhola, Vicente Del Bosque?
— Penso que a transição ocorreu com tranquilidade. A idéia de jogo foi preservada. Ele conservou o melhor de seu antecessor.
Como você lida com o favoritismo da Espanha na Copa do Mundo na África do Sul?
— As mais favoritas são as que já ganharam o Mundial. A Espanha chega em um grande momento. É uma boa oportunidade para êxito em uma Copa, algo que nunca conseguimos. Mas ser favorito não me causa nada. O que conta é a competição em si. Em cada partida temos que vencer.
A Espanha pode cruzar com o Brasil logo nas oitavas de finais. Isso lhe preocupa?
— O Brasil é uma das seleções que sempre consta das apostas de qualquer um para ganhar o Mundial. Por seu potencial, sua experiência em fases finais. Temos que ganhar de qualquer seleção, inclusive de uma com a qualidade do Brasil.
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