| 14/05/2010 05h10min
Quem critica precisa ter a grandeza de elogiar quando o mérito é evidente. Aqui neste espaço, a balança de Jorge Fossati sempre pesou para o lado das críticas. Mas desta vez é preciso admitir. A goleada do Inter por 1 a 0 sobre o Estudiantes passa pelo uruguaio.
O Inter venceu o atual campeão da Libertadores, que joga junto há praticamente três anos e jorra tradição. Não é pouco. Foi a maior vitória de Fossati no comando do Inter. O ataque penou, mas o sistema defensivo tornou Abbondanzieri um expectador de luxo.
O uruguaio não entrou na onda do "vamos, vamos", segundo a qual correria, pressão e grito da torcida resolvem tudo. Isso pode dar resultado no Gauchão ou diante de times desacostumados a este tipo de situação, mas nunca contra um campeão da América experiente, entrosado e matreiro como Estudiantes. Mais ainda: um campeão argentino, com toda a simbologia que isso representa.
Fossati pediu paciência e afobação zero. A certa altura pode ter exagerado. Kleber e Nei pareciam com medo de levar bolas às costas. Guiñazu saiu para o jogo pela esquerda uma ou duas vezes. Foi mais volante marcador do que apoiador. Numa destas saídas protestou pênalti, inclusive. Alecsandro teve duas conclusões em todo o jogo.
Aqui, um parêntese: o centroavante, o matador, diante da sua torcida, em casa, só tentou duas vezes. Não pode. Em uma, jogou a bola na arquibancada superior, de fora da área. No segundo tempo, aí sim, o goleiro salvou um bom golpe de cabeça. Para um avante, só isso é quase uma denúncia. Fecha parêntese.
O fato é que ficou clara a estratégia de Fossati: não levar o gol qualificado. O Estudiantes jamais ameaçou. Se o Inter marcar um gol em Quilmes obrigará o Estudiantes a fazer três.
A pressão e o risco trocaram de lado. Se os argentinos se atirarem à frente e sofrerem o gol qualificado, terão que correr em dobro.
O que é quase tudo, e vou explicar a razão.
Ontem a equipe de Alejandro Sabella acusou o cansaço de jogar com os titulares no Torneio Clausura e na Libertadores.
A partir dos 30 minutos, já com a velocidade de Taison em campo, o Estudiantes cansou. Desábato sentiu um estirão na coxa. Verón colocou as mãos na cintura, e o time inteiro recuou.
O gol de Sorondo, aos 42, não veio por acaso: foi consequência da pressão final do Inter. E de uma jogada trabalhada nos treinos da semana.
É consistente a vantagem conquistada pelo Inter. Não é definitiva, mas é boa.
Não é moleza vergar um campeão da América em casa sem sofrer o gol qualificado.
E o mérito, desta vez, é do técnico Jorge Fossati.
Jorge Fossati avisou antes que um de seus objetivos era não levar gol em casa e armou uma defesa perfeita
Foto:
Eduardo Cecconi
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