| 18/04/2010 15h42min
À primeira vista, parece que Ramon nunca deixou o Vasco. O entrosamento com os jogadores, a familiaridade com que anda por São Januário e o carinho constante da torcida fazem com que poucos percebam que, por três meses, o lateral-esquerdo esteve ausente. Disso, ele nunca será capaz de esquecer. O período de litígio com o Inter deixou marcas permanentes na memória e na carreira do jogador, o mais novo titular da equipe treinada por Gaúcho.
— Aquele período foi muito ruim e minha cabeça mudou muito para um jogador de 21 anos de idade. Eu pensei em coisas que nunca poderia imaginar. Pensei que eu ia começar tudo do zero, que eu ia ter de procurar espaço novamente. Vivemos à base de treino, quando não treinamos de verdade, acabamos nos perdendo. Se eu ficasse parado o tempo que era previsto, voltaria apenas com quase 24 anos. Ia ser muito ruim. Confesso que quando foi para lá, fui com muita raiva.
Durante o tempo em que foi obrigado a treinar separadamente no Beira-Rio, enquanto o Vasco iniciava o desafio de brilhar na temporada de retorno à Primeira Divisão,
— O que passei nesses meses lá, foi uma situação que não desejo para o meu pior inimigo. Ser proibido de trabalhar é muito ruim, chega a ser desumano. Você está com saúde, querendo trabalhar, mas está impedido. Vi que algumas coisas são movidas pelo egoísmo e isso é muito ruim, deixa você "p" da vida.
O "exílio" fez o jogador pensar em novos planos:
— Não cheguei a pensar em parar de jogar, mas pensei em retomar os meus estudos, em entrar numa faculdade, realmente ter um plano B na minha vida. Isso eu pensei. Não cheguei a pensar em parar porque, por maior que fosse a tempestade, eu voltaria com 24 anos, com certeza jogar futebol sempre foi um sonho que eu alimento desde criança. Quando as coisas estão começando a acontecer, vou parar? Meus pais sempre me ensinaram que os momentos na vida nunca são fáceis. A vida também nos ensina isso, aconteceu comigo agora.
Ramon inclusive abandonou um sonho revelado em 2009: disputar a Copa do Mundo este ano.
— Eu vinha numa boa sequência e com a dúvida que o Dunga tem na lateral esquerda desde o ano passado, quem sabe nos últimos amistosos eu poderia ser convocado? Eu tenho uma expectativa muito grande em relação à minha carreira, acho que um jogador de alto nível tem de pensar da mesma forma. Almejo coisas grandes para mim, eu trabalho para isso. Acho que eu tinha uma chance, mas tudo tem a sua hora. Tenho 21 anos ainda, na próxima Copa terei 26, acho que será uma idade boa para jogar um Mundial. Até lá, serei um Ramon mais maduro, taticamente, tecnicamente.
Mercenário, voltou se achando o Nilton Santos e quando o clube quiz aumentar o tempo de vinculo para não perde-lo, quiz mais dinheiro. Lateralzinho razoavel que só jogou bem a segunda divisão. Quero longe do Beira-rio.
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