| 06/03/2010 04h55min
Virou um assunto tão interessante que até o sisudo Wall Street Journal resolveu abrir espaço. Dia desses saiu escrito assim na bíblia dos negócios dos Estados Unidos acerca da paradinha do pênalti: – No futebol, quando se trata de inovação e criatividade, há o Brasil de um lado e, do outro, todos os outros times. Para parar os brasileiros, você pode tentar oprimi-los (e boa sorte com a tentativa!) ou tentar roubar suas técnicas. Se não funcionar, tudo o que você pode fazer é mudar as regras.
Bem, é mais ou menos isso que estará em jogo hoje, na 129ª reunião geral da Fifa, em Zurique, na Suíça. Os senhores da International Board, entidade que desde 1886 versa sobre as regras do futebol, decidirão sobre o fim da paradinha na Copa. Há outros assuntos em pauta, como a conveniência do quarto árbitro atrás da goleira, o uso de um chip na bola para avisar quando a linha foi totalmente ultrapassada e a expulsão de quem impede chance explícita de gol.
Mas a confusão toda está na
finta na hora do
pênalti. Trata-se de um recurso usado basicamente por brasileiros. Cristiano Ronaldo volta e meia o utiliza também, mas é raro. O Wall Street Journal buscou inspiração para se soltar um pouco na paradinha de Neymar sobre Rogério Ceni, por exemplo. O que deve acontecer, afinal?
– Vão regular, limitar, esclarecer. Não vão proibir. A regra diz claramente que a finta é permitida no pênalti, desde que não configure conduta antidesportiva. O que não vai poder é estas coisas que o Fred está fazendo. Aí não dá – diz o ex-árbitro José Roberto Wright, em referência ao atacante do Fluminense.
No twitter, Kaká reclamou do que considera desvantagem do goleiro
Esta semana, Fred cobrou um pênalti no qual ameaçou chutar duas vezes antes de tocar na bola. O goleiro não caiu na primeira tentativa, aí ele engatou uma segunda sem parcimônia. O juiz achou demais e mandou repetir.
Carlos Simon, árbitro brasileiro na Copa, costuma dizer
que não se pode deixar dançar a chula em volta da bola. É o
caso de normatizar, apenas.
Wright integra a comissão de futebol da Fifa, que se reúne periodicamente e dá sugestões para a entidade. Além dele, outras 20 personalidades compõem o colegiado. Personalidades mesmo: Pelé, o francês Platini, o argentino Perfumo, o inglês Bobby Moore.
O princípio de permitir a finta segue a lógica de não usar dois pesos e duas medidas. Se o goleiro pode se movimentar sobre a linha antes da cobrança, por que o batedor não teria o direito de algum recurso além do simples chute?
– A regra fala em executar o pênalti em um único movimento, com direito à finta. Um texto que ficou assim nos anos 70 para incorporar o talento de Pelé, inventor da paradinha, que reduzia o ritmo da passada antes de cobrar – ensina Wright.
Além do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e dos goleiros, recentemente o time dos adversários da paradinha ganhou um reforço consistente. Kaká apontou para seus seguidores do Twitter que a
paradinha coloca o goleiro em “clara desvantagem”.
– Se tivesse paradinha, não sei se haveria Tetra nos EUA – brinca Taffarel, goleiro brasileiro na decisão por pênaltis da Copa de 1994, contra a Itália.
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