Esportes | 30/01/2010 17h15min
O rolo gira sobre o gramado, deixando uma listra branca que marca os limites territoriais do clássico Gre-Nal de domingo. Logo em frente a goleira, capricho para pintar o círculo que marca o local de cobrança de pênaltis. Responsável pelos cuidados com o gramado do Colosso da Lagoa, em Erechim, há 15 anos (a serem completos na segunda-feira), João Martins, 69 anos, tem um motivo a mais para deixar bonita a casa. É que o filho dele, o jogador gremista Fernando Martins, 17 anos, vai estar entre os reservas para este Gre-Nal.
— Já avisei ele, se tiver chance de entrar em campo, que ele faça bonito — confidencia o pai, ansioso pela visita.
Como Martins, outros trabalhadores dão os retoques finais no campo, aparando a grama. Logo acima das arquibancadas, as marteladas são da montagem das barracas em que ficarão as copas: uma para cada torcida, para não causar confusão.
É que tudo tem que estar perfeito para o jogo mais esperado do
ano. Nas ruas da cidade, é o colorido das
bandeiras que faz o jogo parecer festa.
— Tem tanta bandeira que mais parece quermesse de igreja — brinca João Silveira, que saiu para escolher uma camiseta do seu time.
Por R$100,00 ele leva um jogo completo: bandeira, camiseta, boné e almofada, para curtir o jogo vestido à rigor. A alegria é também dos vendedores, que chegaram cedo para lucrar com o jogo no interior, uma raridade. Gilberto da Rosa veio de São Leopoldo pelo segundo ano e se postou bem em frente ao Colosso da Lagoa um local privilegiado.
E pelas ruas, o azul e vermelho parece uniforme. Mas aqui e ali, surgem outras cores, com camisetas de times diferentes. É que o Gre-Nal no interior faz lembrar o amor pelo futebol, independente de para quem bate o coração do torcedor.
— Eu vou no Gre-Nal, é jogo de respeito. Mas vou levar também minha farda do Ypiranga — conta André Oliveira, que ostenta feliz a camiseta amarela do canarinho, time da
casa.
No ponto de vendas de ingressos para o Gre-Nal, dá
para se tirar a temperatura do clima na cidade. A venda que começou tímida, já ultrapassou os 18 mil ingressos e a loja Multisom de Erechim fica aberta até as 17h para não deixar ninguém sem a entrada. Mesmo que alguns tenham que se divertir com o inimigo, como o professor Angelo Palu. Colorado, ele ganhou o ingresso para levar o filho de um amigo ao jogo, mas com a torcida gremista. Ele, é claro, cedeu.
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