| 15/01/2010 07h10min
Clube da cidade com menor população entre os representantes do Gauchão, o Veranópolis Esporte Clube (VEC) completa nestasexta-feira 18 anos. Além do lançamento de um livro sobre sua trajetória, o pentacolor da Serra tem mais razões para comemorar. Desde que ingressou na primeira divisão do campeonato, em 1994, nunca mais saiu. Os envolvidos com a agremiação apontam a organização e o envolvimento dos jogadores com a comunidade de pouco mais de 26 mil habitantes como os fatores responsáveis pela permanência. O time estreia no Gauchão domingo, às 20h, contra o Porto Alegre, em casa.
— A cidade é outra quando o Veranópolis está na ativa. Todo mundo ganha com isso — admite o radialista José Alberto Salla, 50 anos, da rádio Veranense.
Como só disputa o Campeonato Gaúcho, o clube funciona apenas no primeiro semestre. Embora seja um desejo, as condições financeiras não permitem um calendário para o ano todo. Para que isso se tornasse realidade, o orçamento deveria
crescer aproximadamente
R$ 500 mil, e seria necessária a ajuda de um parceiro forte. O cálculo é do prefeito da cidade, Waldemar De Carli, 56, que é também o médico do Veranópolis. Para ele, o êxito da equipe se deve a dois fatores: a credibilidade e o envolvimento comunitário.
— Como a cidade é pequena, o jogador sente-se parte dela. É difícil ver isso em Caxias, por exemplo. E em 99% das vezes o clube cumpriu com o que havia prometido ao jogador. A prefeitura ajuda o Veranópolis, repassando R$ 180 mil a cada janeiro. Além da longevidade, o VEC é a nossa maior divulgação — justifica.
Treinador do Veranópolis pelo terceiro ano consecutivo, Gilmar Dal Pozzo orgulha-se de sua continuidade. Somando-se o período em que foi goleiro do VEC, são sete anos no time da Serra.
— Aqui no Brasil é muito raro um treinador permanecer muito tempo no cargo. Acredito que a permanência determina o sucesso. Causa identificação e comprometimento. Temos uma diretoria atuante,
que trabalha com profissionalismo e
planejamento. Assim que termina um Gauchão já se começa a pensar no próximo — avalia o treinador.
Zagueiro do Veranópolis por quase 15 anos, Dirceu Menegon confirma a seriedade do trabalho realizado no clube. Com 38 anos, ele parou de jogar em 2008 e hoje trabalha em uma empresa de hortifrutigranjeiros. Sempre que tem disponibilidade, acompanha a antiga equipe.
— O Veranópolis se mantém pelo planejamento. Consegue montar uma equipe forte com o que o jogador procura: salário em dia e estabilidade. Aqui o jogador é sempre bem visto — afirma.
Estudante conta a história do VEC em livro
Preocupado em realizar uma pesquisa que tivesse relevância para a cidade em que nasceu, o estudante de Jornalismo Luís Felipe Peracchi, 23, decidiu fazer seu trabalho de conclusão do curso sobre o VEC. Um dos capítulos da monografia resultou no livro Surgiste da força de um povo - A história do Veranópolis
Esporte Clube, que será lançado hoje, na Casa da Cultura da
cidade. O professor Paulo Ribeiro orientou o trabalho.
Peracchi conta que, de toda a pesquisa, somente o quinto capítulo, que narra a história do clube, resultou no livro. Foram realizadas 25 entrevistas para resgatar essa trajetória.
— Mesmo com dirigentes amadores, o Veranópolis tem um histórico de ter bastante profissionalismo. O envolvimento da população, que vai ao estádio, ajuda o time, também é importante. Como a cidade é pequena, o torcedor encontra os jogadores na rua e há um contato próximo — conta.
VEC aposta na continuidade
Dos 25 atletas que compõem o grupo do Veranópolis hoje, oito atuavam no clube na temporada passada. Toda a comissão técnica também permanece igual. A continuidade é um costume antigo no clube da Serra, e tem a aprovação do técnico Gilmar Dal Pozzo.
Mesmo sem nunca ter sido rebaixado, o objetivo do VEC é se manter na elite. Garantida a
permanência, a meta passa a ser conquistar uma posição melhor que a do ano
passado, quando o clube foi o quarto colocado na disputa.
— O título seria um sonho, mas está um pouco distante da nossa realidade — admite Dal Pozzo.
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