Treino do Flamengo em andamento na manhã de sábado no CT da Traffic, em Porto Feliz, e, de repente, um ponto amarelo começa a descer o morro rumo ao campo. Câmeras e olhos se viram em direção a Adriano, com o colete de treino, que parecia caminhar para encontrar os companheiros. Mas quem pensava que o Imperador estava recuperado, se enganou. De meias, o atacante desceu apenas para pegar água com integrantes da comissão técnica. Com a mesma agilidade que se livra dos zagueiros adversários, o Imperador subiu morro acima para realizar um treino físico.

A cada dia que passa, a presença de Adriano na estreia do Campeonato Carioca, dia 17, contra o Duque de Caxias, parece ser mais improvável. Ainda com o calcanhar esquerdo inflamado graças à bolha causada por uma queimadura em novembro do ano passado, o camisa 10 ainda não calçou chuteiras e treinou com o restante do elenco em 2010.

Para enfrentar o Grêmio no jogo decisivo do Brasileiro de 2009, Adriano jogou com uma proteção especial para amenizar as fortes dores na região inflamada. Em outras palavras, o Imperador jogou no sacrifício. Agora, a ordem é justamente evitar isso, com o receio de a lesão se agrave e o afaste por um tempo ainda maior, já que o objetivo maior é a Libertadores. Enquanto todos os jogadores treinam no principal campo do CT da Traffic, Adriano fica na academia. Com uma expressão fechada, às vezes vai até a janela e observa os companheiros no gramado.

Sem poder contar com seu principal astro, o técnico Andrade demonstra resignação. Há a possibilidade de Adriano tentar entrar em campo com um buraco na chuteira no local da bolha, como fez em 2009.

Mas, por enquanto, o Imperador passa longe dos treinos com bola.

– Ele se queixou da bolha no pé, que ainda está sangrando um pouquinho. Pode ser que corte a chuteira no lugar da ferida e ele volte a trabalhar. Penso em contar com ele, mas vamos aguardar o doutor – afirmou o treinador, deixando a decisão com José Luiz Runco.

E os súditos seguem à espera de seu Imperador.