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 | 12/12/2009 20h09min

Danrlei, uma despedida para a história

Diogo Olivier, colunista online  |  diogo.olivier@zerohora.com.br



Foi uma boa semente plantada para o futuro. Em um país dado a esquecimentos, que despreza a memória de seus ídolos, o sucesso da despedida de Danrlei representa um convite ao exercício da tolerância em tempos de violência no futebol.
 
Trinta e dois mil torcedores compareceram ao Olimpíco para ver o time campeão da Libertadores vencer um combinado de amigos do maior goleiro da historia do Grêmio por 4 a 3. Não era preciso pagar para entrar. Bastava doar alimentos não-perecíveis.
 
É uma pena, mas o Brasil não sabe celebrar seus ídolos. Marco Van Basten, o centroavante dos voleios memoráveis, era holandês e teve um jogo de adeus inesquecível no Milan, da Itália. Maltratado por inúmeras lesões, nem chegou a jogar propriamente. O que não impediu a torcida de comparecer em massa. De calça jeans, Van Basten foi até perto da torcida e ali mesmo, na pista atlética, recebeu o reconhecimento do torcedor.  
 
Antes de Danrlei, houve o Mineirão lotado na despedida do argentino Sorín. Mas no Rio Grande do Sul nunca um jogador teve uma despedida formal tão bonita. A festa teve de tudo: carrinho de Dinho, gol de Jardel com cruzamento de Paulo Nunes, o próprio Paulo Nunes tentando cavar pênalti e reclamando do árbitro Renato Marsiglia, as arrancadas do cinquentão magrinho Tarciso, Mazaropi recolocando a bola em jogo, Douglas Costa tabelando com Jardel em um encontro de gerações. E, claro, milagres de Danrlei. Comentei o jogo na TV COM e contei uns quatro, no melhor estilo de candidato a abertura de processo de canonização no Vaticano.
 
Nem a bronca com Assis, amigo do dono da festa, que entrou no segundo tempo, atrapalharam a celebração. Boa parte da torcida o vaiou quando ele tocava na bola, por conta da saída tumultuada de Ronaldinho do Grêmio em 2000. Assis fez um gol: houve resmungos, mas também teve avalanche. Uma avalanche meio indecisa, é verdade. Mas era gol do Grêmio. E a Geral não deixaria de comemorar gol do Grêmio no Olímpico na despedida de um dos maiores ídolos da história azul.
 
Clemer, 41 anos, goleiro mais vencedor em 100 anos de Inter, deve encerrar a carreira este ano. É o caso de uma despedida também, como aconteceu com Danrlei. Desde a tarde de sábado, a semente está plantada. Inter e Grêmio precisam cultuar os seus ídolos. E a torcida, como se viu, faz a sua parte.


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